Reconhecida como o peixe mais consumido no Brasil e base da piscicultura nacional, a tilápia passou a fazer parte da Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras da Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio). A inclusão, determinada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), despertou apreensão entre produtores e entidades do setor, que avaliam possíveis impactos em custos de produção, exigências burocráticas e segurança jurídica.
A decisão segue critérios aplicados a espécies não nativas que se instalam em ecossistemas brasileiros, ocasionando desequilíbrios ambientais. Natural da bacia do Rio Nilo, na África, a tilápia tem sido encontrada em rios e lagos fora das áreas de cultivo, o que, segundo especialistas, reforça a necessidade de medidas públicas de contenção e monitoramento para evitar novos escapes.

Mesmo com a nova classificação, a criação e a comercialização do peixe permanecem liberadas. Dessa forma, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) continua responsável pela emissão de licenças para o cultivo, sobretudo em regiões onde a atividade está consolidada como fonte de renda e desenvolvimento econômico.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a decisão se baseou em consultas públicas, análises técnicas e 247 estudos científicos que indicam o risco de proliferação da espécie em biomas nacionais. A tilápia foi incluída no mesmo grupo de outras 60 espécies exóticas de peixes consideradas potencialmente prejudiciais à biodiversidade brasileira.
Ameaça
Pesquisas indicam que a tilápia possui características que podem representar riscos aos ecossistemas brasileiros. O peixe apresenta comportamento territorialista, competindo com espécies nativas, e é onívoro, se alimentando de plantas e outros organismos aquáticos, o que pode alterar cadeias alimentares e o equilíbrio ambiental. Além disso, sua presença pode modificar a quantidade de nutrientes e a produtividade em lagos e rios.

Outro fator de preocupação são os escapes de criadouros, com registros da espécie em áreas de preservação. As tilápias, originalmente de água doce, também podem ser encontradas no mar, demonstrando alta resistência e capacidade de adaptação até mesmo em ambientes poluídos. Com isso, podem transmitir parasitas a peixes nativos, ampliando os impactos sobre a biodiversidade.
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