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STF inicia julgamento de militares com general cearense entre os réus

O julgamento do chamado núcleo 3 da tentativa de golpe de Estado tem início nesta terça-feira (11/11) na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). A ação envolve nove militares do Exército e um agente da Polícia Federal (PF), entre eles o general cearense Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como uma das figuras mais influentes no planejamento das ações.

STF inicia julgamento de militares com general cearense entre os réus
Foto: Alberto César Araújo/Aleam

Conforme a denúncia apresentada pela PGR, o grupo teria elaborado estratégias para reverter o resultado das eleições de 2022 e atentado contra autoridades da República. O STF deve decidir se os acusados serão condenados ou absolvidos, considerando o grau de participação de cada um nas articulações.

Para conduzir o julgamento, o presidente da 1ª Turma, ministro Flávio Dino, reservou as sessões dos dias 11, 12, 18 e 19 de novembro. Também compõem o colegiado os ministros Alexandre de Moraes (relator), Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A cadeira deixada por Luiz Fux ainda não foi ocupada desde sua transferência para a 2ª Turma.

De acordo com as investigações da Polícia Federal, os réus formariam um núcleo militar voltado a monitorar autoridades, planejar ataques e pressionar os comandos das Forças Armadas para apoiar uma ruptura institucional. O plano, batizado de “Punhal Verde e Amarelo”, previa, segundo a PF, o assassinato do presidente Lula (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.

STF inicia julgamento de militares com general cearense entre os réus
Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Entre as acusações apresentadas pela PGR estão tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A Procuradoria sustenta que os denunciados buscaram criar um cenário de instabilidade capaz de viabilizar um decreto de ruptura institucional com o apoio de setores militares.

Considerado o mais numeroso entre os grupos investigados, o núcleo militar deve definir o andamento das próximas fases do processo. A seguir, os principais nomes e as acusações apresentadas contra cada um dos réus:

  • General Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira: Acusado de usar sua posição hierárquica para incentivar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a assinar o decreto de ruptura institucional. A defesa afirma que não houve envolvimento e nega relação com os atos de 8 de janeiro;
  • Coronel Bernardo Romão Corrêa Netto: Teria participado de reunião em novembro de 2022 na qual foi discutido o decreto golpista. A defesa nega que ele tenha disseminado informações falsas ou integrado o planejamento;
  • Coronel Fabrício Moreira de Bastos: Segundo a acusação, participou de tentativas de pressão sobre comandos militares. A defesa sustenta que ele não cometeu crimes e não há provas de envolvimento em organização criminosa;
  • Coronel Marcio Nunes de Resende Júnior: Apontado como anfitrião de reunião realizada em sua residência, onde teria sido redigida uma carta para pressionar oficiais. A defesa afirma que o documento não teve relação com os atos de 8 de janeiro;
  • Tenente-Coronel Hélio Ferreira Lima: Mencionado pela PGR como autor de planilha que detalhava as etapas do golpe, incluindo ações de neutralização de autoridades. A defesa contesta a delação de Mauro Cid e alega falta de provas concretas;
  • Tenente-Coronel Rafael Martins de Oliveira: Envolvido, segundo a acusação, em reuniões com o general Braga Netto e no monitoramento de autoridades. A defesa afirma que não há provas suficientes nem descrição detalhada de sua conduta;
  • Tenente-Coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo: Teria atuado em ações de campo destinadas a acompanhar autoridades públicas. A defesa nega qualquer relação com atos antidemocráticos;
  • Tenente-Coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros: Acusado de participar da redação de carta que buscava apoio dos comandantes das Forças Armadas. A defesa diz que não há indícios de que tenha cometido crimes;
  • Tenente-Coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior: Teria colaborado na divulgação da carta citada, mas a PGR pede que ele responda apenas por incitação ao crime, reconhecendo ausência de provas de envolvimento direto. A defesa nega que tenha existido crime;
  • Wladimir Matos Soares (agente da Polícia Federal): Acusado de monitorar a segurança do presidente Lula e compartilhar informações com aliados de Bolsonaro. A defesa sustenta que ele não tem relação com atos antidemocráticos.

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