A disputa política em Canindé ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (11), quando a Justiça Eleitoral julgou improcedente a Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) movida pelo ex-candidato José Kledeon Viana Paulino contra o prefeito Jardel Sousa Pinho (PSB) e o vice Antônio Ilomar Vasconcelos Cruz (PRD).
Kledeon, derrotado nas urnas em 2024, sustentava que a chapa eleita teria se beneficiado de um esquema de compra de votos, abuso de poder econômico e uso da máquina pública, supostamente articulado pelo ex-prefeito de Choró, Carlos Alberto Queiroz, o “Bebeto do Choró”. A acusação incluía desde o pagamento de cabos eleitorais e eleitores, compra de apoio político de um vereador local por R$ 200 mil, até a interferência junto à PRF e à PRE para favorecer atos de campanha.
Um dos episódios citados foi a apreensão de R$ 56,6 mil em espécie, kits de higiene, medicamentos e anotações com nomes e seções de eleitores, em imóvel ligado a aliados políticos. Para a acusação, o material reforçaria a tese de um esquema para captação ilícita de sufrágio.
Apesar das alegações, a juíza da 33ª Zona Eleitoral, Rhaila Carvalho Said, concluiu que as provas apresentadas não estabeleciam vínculo direto entre os fatos narrados e a participação ou anuência do prefeito e do vice. Em sua decisão, a magistrada ressaltou que não havia robustez suficiente para cassar um mandato conferido pelo voto popular.
A defesa de Jardel e Ilomar alegou que os episódios descritos pela acusação eram baseados em interações de terceiros, sem conexão comprovada com a campanha da chapa eleita. Argumentou ainda que mudanças de apoio político são parte do jogo eleitoral e que a posse de material de campanha por candidatos coligados não caracteriza, por si só, irregularidade.
O Ministério Público Eleitoral, por outro lado, havia se manifestado a favor da cassação dos diplomas, sustentando que as provas indicavam abuso de poder econômico e político. Ainda assim, a magistrada manteve a diplomação dos eleitos.
O processo, que tramita sob sigilo, ainda pode ser alvo de recurso ao Tribunal Regional Eleitoral do Ceará. Até lá, Jardel Sousa Pinho e Antônio Ilomar Vasconcelos Cruz seguem à frente da Prefeitura de Canindé, enquanto nos bastidores o caso continua a reverberar, alimentando disputas políticas e narrativas opostas sobre a legitimidade da vitória em 2024.
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