Romualdo Sousa Barros foi sentenciado a 35 anos e seis meses de reclusão, além de três meses de detenção, pela 5ª Vara do Júri de Fortaleza. A decisão, proferida na quarta-feira (30/07), considerou procedente a acusação do Ministério Público do Ceará (MPCE), que o responsabilizou por homicídio e tentativa de homicídio, ambos com qualificadoras.
As vítimas eram colegas de trabalho do réu na Universidade de Fortaleza (Unifor): o pesquisador Saul Gaudêncio Neto, morto no local do crime, e a nutricionista Mariana Mota, que foi baleada e sobreviveu.
A motivação, segundo apurado, está ligada a desavenças no ambiente profissional. Romualdo atuava como tratador de animais no curso de Medicina Veterinária da Unifor há mais de uma década e, nos últimos anos, acumulou faltas e advertências. Ele também passou a ser criticado por postura negligente, além de esconder uma arma de fogo ilícita na fazenda em que trabalhava.
Apesar do contexto, o pesquisador, posteriormente assassinado, havia intercedido para evitar a demissão do funcionário. No entanto, o réu nunca teve conhecimento de tal atitude.

No dia 4 de julho de 2024, sob o pretexto de examinar uma cabra doente, Romualdo levou os dois profissionais a uma fazenda no bairro Edson Queiroz. Após a visita técnica, pediu uma carona e, durante o trajeto, sacou uma arma de fogo. O pesquisador, que dirigia o veículo, foi atingido na cabeça. A nutricionista conseguiu sair do carro, mesmo baleada, e buscou ajuda. Ela foi socorrida e resistiu aos ferimentos.
A fuga de Romualdo envolveu ainda o descarte da arma e uma tentativa de enganar os policiais com o uso de identidade falsa. No entanto, diante da insistência dos agentes, ele revelou sua verdadeira identidade. Antes disso, já havia confessado o crime à companheira, após ser confrontado com informações divulgadas nas redes sociais.
Decisão Judicial
Além dos crimes contra a vida, o réu também foi responsabilizado por porte ilegal de arma de uso restrito, falsa identidade e receptação. O réu também deverá indenizar os familiares da vítima fatal em R$ 100 mil e pagar R$ 40 mil à vítima que sobreviveu, a título de reparação pelos danos causados.
Em juízo, o homem alegou ter sido coagido durante as investigações, mas o júri rejeitou totalmente essa versão. O Conselho de Sentença acolheu integralmente a denúncia do MP, com base nas provas apresentadas.
Mesmo com a condenação, o Ministério Público recorreu da decisão. O objetivo é ampliar a pena privativa de liberdade, por considerá-la insuficiente diante da gravidade dos atos. O processo tramita no âmbito do Programa Tempo de Justiça, que busca garantir celeridade a julgamentos de homicídios em Fortaleza. A iniciativa reúne, em parceria, o MPCE, o Tribunal de Justiça do Estado, a Defensoria Pública e o Governo do Ceará.
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