
O grupo de 13 brasileiros que estavam sob custódia em Israel, incluindo a deputada federal cearense Luizianne Lins (PT), já se encontra em território jordaniano. A equipe da Flotilha Global Sumud comunicou que eles foram levados por via terrestre do centro de detenção de Ketziot, situado no deserto de Neguev, até a divisa com a Jordânia, país vizinho.
No local, foram recepcionados por representantes consulares do Brasil, que estão oferecendo o suporte necessário. Ainda não há detalhes sobre quando e de que forma retornarão ao Brasil.
Primeiro integrante da delegação brasileira na Flotilha Global Sumud a ser deportado, Nicolas Calabrese relatou violência durante a captura por militares israelenses.
Sem assinatura

Luizianne Lins recusou-se a assinar o termo de deportação acelerada apresentado pelas autoridades israelenses.
Conforme a advogada que acompanha o grupo, Luizianne considerou o documento inadequado e optou por não assiná-lo, “estando em solidariedade e unidade com os demais membros da delegação brasileira que não assinaram o documento”.
Em comunicado enviado à imprensa, foi informado que a decisão da deputada levou em conta sua “trajetória na defesa dos direitos humanos”. Luizianne “entendeu que sua responsabilidade ia além de sua própria situação”, afirma a nota.
A assessoria da Luizianne esclareceu que o documento representava uma admissão de tentativa de entrada irregular em Israel. “Ao assiná-lo, o participante reconhece formalmente uma culpa inexistente, assumindo a responsabilidade por um crime que não cometeu, já que a interceptação da flotilha ocorreu em águas internacionais e dentro de uma missão humanitária”, informou a assessoria.
Luizianne faz parte da delegação brasileira da flotilha humanitária Global Sumud Flotilla, que foi interceptada por forças israelenses em alto-mar enquanto levava alimentos e remédios à Faixa de Gaza. Mesmo sem assinar o documento, Luizianne será deportada do mesmo modo.
O primeiro integrante do grupo brasileiro a ser deportado de Israel, após participar da missão da Flotilha, foi Nicolas Calabrese. Ele foi enviado para a Turquia com os custos da viagem arcados pelo consulado italiano em Israel, conforme informações de coletivos de apoio aos ativistas.
Os brasileiros vinculados à Flotilha Global Sumud receberam apoio de representantes diplomáticos da Embaixada do Brasil em Israel e de outras nações nesta sexta-feira, dia 3, dois dias após a abordagem por militares israelenses.
Segundo documento do Itamaraty, a todos os ativistas foi facultada a assinatura de documento que facilita e acelera o processo de deportação. “Quatro brasileiros já assinaram o documento e um quinto brasileiro manifestou intenção de assiná-lo, mas ainda não o fez”.
A Flotilha também confirmou que cinco brasileiros iniciaram uma greve de fome em protesto contra o governo israelense. São eles: Ariadne Telles, Bruno Gilga, João Aguiar, Thiago Ávila e um outro membro cuja identidade ainda não foi revelada.