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Hospital Nosso Lar é destaque na promoção de ações no Setembro Amarelo

Estamos no mês de setembro do ano 2018. Em outros tempos, seria apenas o nono mês do ano. Porém, muita coisa mudou. Hoje, determinadas épocas do ano assumem um sentido diferente, e sensibilizam a população a abraçar determinadas causas especiais. “Outubro Rosa”, “Novembro Azul”. É o caso do mês atual, que representa o Setembro Amarelo. Nele, milhões de pessoas se sensibilizam para conversarem e levantarem caminhos de combate ao suicídio. A iniciativa começou em 2015 e, desde então, busca conscientizar as pessoas sobre o assunto para que a prevenção seja mais efetiva. Entre os fatores de risco para o suicídio estão transtornos mentais, como depressão, alcoolismo, esquizofrenia; questões sociodemográficas, como isolamento social, dentre outros. No entanto, o Ministério da Saúde ressalta que tais aspectos não podem ser considerados de forma isolada e cada caso deve ser tratado de forma individual.

Mas na verdade, porque o nome “setembro amarelo”?

Dale Emme e Darlene Emme, pais do jovem Mike.

Em alguns casos, é a partir de uma perda que surge a motivação para lutar por determinadas causas. Foi o que aconteceu com os ingleses Dale Emme e Darlene Emme. A cor amarela é usada para representar o mês da prevenção do suicídio por conta do drama vivido pelo casal. Após um triste episódio na vida dos dois, surgiria o programa de prevenção de suicídio “fita amarela”, ou “Yellow Ribbon” em inglês.

Em 1994, Mike, filho do casal, com apenas 17, se matou. Mike era conhecido por sua personalidade caridosa e por sua habilidade mecânica. Restaurou um (carro) Mustang e o pintou de amarelo. Ele amava aquele carro e, por causa dele, começou a ser conhecido como “Mustang Mike”.

Mike Emme.

No dia do funeral de Mike, uma cesta de cartões com fitas amarelas presas a eles estava disponível para quem quisesse pegá-los. Os 500 cartões e fitas foram feitos pelos amigos do jovem e possuíam uma mensagem: Se você precisar, peça ajuda.

Suicídio em números

Os números apontam que cerca de 11 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no Brasil. De acordo com o  Ministério da Saúde, entre 2011 e 2016, 62.804 pessoas tiraram suas próprias vidas no país, e o público masculino é responsável pela grande maioria dos casos. Homens com 79%, e 21% são mulheres. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS -2015), estima-se que 800 mil pessoas morram dessa forma todos os anos, uma a cada quarenta segundos. Valéria Silveira (nome fictício) afirma que teve depressão há cinco anos, e que os tratamentos evitaram “algo pior”. “Eu vivi numa depressão profunda, tive depressão pós-parto. Foi muito difícil dar o primeiro passo e buscar ajuda especializada. Confesso que o tratamento me fez bem e evitou que acontecesse algo mais grave comigo”, relembra.

Ações

Palestra sobre prevenção ao suicídio no Hospital Nosso Lar. Com o microfone, a enfermeira do PRAVIDA, Doutora Ivoneide Veríssimo. (Foto: Luciano Matos)

Todos os dias devem ser de combate ao suicídio, mas em setembro é a hora de “falar mais alto”. Podemos constatar este fato através da quantidade de ações proporcionadas por voluntários, grupos de apoio, hospitais e etc. Como exemplo, temos o Hospital Nosso Lar. Localizado em Fortaleza, o estabelecimento atua desde 1968 no tratamento de transtornos mentais em regime de internamento, visando a recuperação da saúde mental do paciente, sua reintegração no meio sociofamiliar e profissional, contando com um projeto terapêutico multidisciplinar. A unidade tem realizado uma programação extensa durante o Setembro Amarelo e, entre as atividades, podemos destacar palestras e ações de terapia ocupacional, enfermagem e psicologia. Tudo de forma gratuita.

Na tarde da última quarta-feira (19), o Hospital recebeu parte da equipe do Programa de Apoio à Vida (PRAVIDA), do departamento de medicina da Universidade Federal do Ceará, para a realização de uma palestra de orientação aberta ao público.

Na ocasião, a enfermeira Ivoneide Veríssimo, doutora do PRAVIDA e uma das palestrantes, lembrou da dificuldade de se trabalhar o tema “suicídio” há alguns anos. “Havia uma preocupação em até mencionar a palavra ‘suicídio’ por conta de determinados riscos. Era orientado que falássemos sobre ‘valorização da vida’. Ainda temos muito a evoluir, mas hoje as palestras, campanhas e o próprio setembro amarelo são um conjunto de coisas que faz com que o tema seja discutido de forma mais natural”, afirmou.

Palestrantes do evento. Integrantes da equipe do PRAVIDA. Assistente Social Ana Paula de Lima e Doutora Ivoneide Veríssimo. (Foto: Luciano Matos)

A doutora ainda falou da importância de uma atenção maior para as ações de combate ao suicídio. “Eu acredito que devemos ter uma implementação de políticas públicas e o acompanhamento dessas políticas. Os dados sobre suicídios são alarmantes, e só políticas públicas com ações eficazes podem diminuí-los”, concluiu.

Já para Ana Paula de Lima, Assistente Social do PRAVIDA, os primeiros cuidados e formas de prevenção ao suicídio podem começar dentro da própria casa, com simples ações, como, por exemplo, observar o estado emocional dos familiares. “Nós devemos estar atentos. Muitas vezes pensamos que acontece somente com o outro, que não teremos casos em nossas famílias”. Na palestra, Ana Paula ainda trouxe elementos para “quebrar” determinados tabus e, com isso, reforça a ideia da importância do diálogo. “É importante que haja a desconstrução de tabus que é o que estamos fazendo. Nós temos que conversar sobre o assunto, pois ainda há aquela ideia de que se falarmos sobre o tema estaremos ‘dando ideia’ para as pessoas. Mas o que a gente tenta é dar ênfase àquelas pessoas que já tentaram suicídio no intuito de cuidar”, afirmou.

Temas como prevenção do suicídio na infância e na adolescência e os riscos de brincadeiras perigosas e o impacto da vida digital também estão sendo discutidos nas ações realizadas pelo hospital.

Exposição Benfica

As atividades começaram no dia 10, no shopping Benfica, quando uma ação aconteceu para tirar dúvidas sobre mitos e verdades relacionados ao suicídio. Também estão sendo oferecidos serviços de orientação para pessoas que estão precisando de ajuda e um espaço de acolhida com profissionais da unidade. Até o dia 30/09, também no shopping, segue aberta uma exposição de arte com quadros pintados pelos pacientes do hospital Nosso Lar. Já nos outros dias, a programação será no próprio hospital.

Discutir essa questão é fundamental. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS -2015), estima-se que 800 mil pessoas morram dessa forma todos os anos, uma a cada quarenta segundos.

Sobre o Hospital Nosso Lar

Com cinquenta anos de atividades, o Hospital Nosso Lar é especializado no atendimento a pacientes com transtornos mentais. A unidade conta com uma equipe multiprofissional que tem o compromisso de promover o tratamento adequado e o resgate da cidadania dos pacientes. O atendimento é feito tanto através do SUS, como por meio de planos de saúde.

 

Calendário das ações:

Campanha pela valorização da vida do Hospital Nosso Lar

Local: Hospital Nosso Lar. Avenida Carapinima, 2380 – Benfica. / Auditório Francisco de Paula do Valle Moretz-Sohn.

Exposição de arte dos pacientes segue até o dia 30/09.

O hospital tem feito a programação tanto aberta quanto voltada para o público interno. Uma das curiosidades é que  ação da pintura, que estão sendo expostas no Shopping Benfica, são realizadas com pacientes e ex-pacientes.

Para a administração do hospital, o trabalho que é feito com as pinturas é uma forma de falar, uma forma de ouvir e, muitas vezes, até de descobrir talentos.

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