A Notícia do Ceará
PUBLICIDADE

Jovens renovam a tradição do Reisado em Fortaleza e fazem pedidos na madrugada

Uma tradição secular ganhou reforço de adolescentes e jovens no Ceará. As noites de Reisado, entre 2 e 6 de janeiro, são o período em que grupos musicais saem às ruas durante a madrugada, de porta em porta, pedindo doações. Tradicionalmente, eram doadas as sobras da ceia natalina e da festa de réveillon; atualmente, as pessoas doam mantimentos e, em casos menos comuns, dinheiro.

George da Silva é líder de um grupo com pessoas de 16 a 26 anos de idade. Os mais jovens voltam para casa mais cedo, e os demais batem às portas até 2h da madrugada. Ele conta que aprendeu com os pais a tocar os instrumentos e cantar as músicas de reisado.

“É o meu terceiro ano no reisado, uma cultura que herdei dos meus pais. Meus pais diziam que essa tradição estava quase se acabando, que podia até se acabar totalmente, mas hoje apareceram muitos jovens com vontade de renovar essa tradição”, conta.

Eles levam instrumentos, selecionam um casa – “as melhores são as que têm luz acesa, porque a gente sabe que tem gente acordada”, conta George – e cantam a música mais tradicional do Reisado. Moradores da periferia de capitais nordestinas ou do interior conhecem bem a letra:

Oh meu senhor dono da casa, abre a porta, acenda a luz. Oh, abra a porta, acenda a luz, em nome de Jesus. Se não puder abrir a porta, receberemos pela janela

Caíque da Silva, que participa do Reisado pelo quarto ano seguido, aprendeu um “bizu” para aumentar as chances de conseguir recomprensa de quem acorda de madrugada com o som o grupo.

“Quem mais doa são os mais humildes. Quando a gente vê uma casa mais arrumada, mais enfeitada, a gente nem pede mais. Tem quase que é quase caindo, com pessoas bem pobres, mas eles sempre têm algo pra gente.”

Maria Rosário foi uma das doadoras do grupo de Caíque. Ela acordou à 0h e, com cara de sono, pediu para não ser filmada. “Dou o que eles merecem todos os anos. É um tradição bonita. Tenho gente na família que fazia Reisado, já faz muito tempo, e é bonito saber que ainda tem gente que faz isso”, diz. Neste ano, ela doou dois quilos de arroz.

No entanto, Caíque conta que as doações começaram mal em 2018. Durante uma hora que o G1 acompanhou o grupo, três pessoas haviam aberto a porta para entregar donativos, incluindo Maria Rosário. “Estamos com azar, mas tenho esperança de que vai melhorar.”

WhatsApp
Facebook
Twitter
Telegram
Imprimir