A Notícia do Ceará
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Torcedor pede dinheiro até no sinal para ver Ferroviário na final da série D

Dinheiro contado, quase quatro horas de viagem em cima de uma moto e uma bagagem cheia de incertezas. O amor pelo Ferroviário fez com que o torcedor Júlio César Vidal, 38 anos, saísse do município de Marco até Fortaleza, percorrendo 228,7 km para pedir ajuda para realizar o sonho de assistir à final entre Treze-PB e Ferrão, em Campina Grande. E a loucura pelo clube do coração deu resultado.

Ele será um dos torcedores corais na arquibancada do estádio Amigão, no sábado.

 

Para vir até Fortaleza, um amigo dele emprestou dinheiro para a gasolina. Com a frase “colabore pra mim (sic) ir ver o Ferrão ser campeão” escrita em uma cartolina, Júlio César enfrentou ontem o escaldante sol de meio-dia na Capital em busca do sonho de ver o Ferroviário, ao vivo, numa final.

 

Enquanto pedia a contribuição de motoristas no cruzamento da Coronel Carvalho com Conselheiro Lafaiete, Júlio César teve o seu capacete furtado. Até que um motorista, sensibilizado pela história, bateu uma foto do rapaz, que viralizou nos grupos de torcedores do Ferroviário. A partir daí houve uma rápida mobilização por parte da torcida. Vinte minutos depois de a foto ser espalhada, Júlio César já estava cercado por torcedores do Ferrão, que prometeram levá-lo num ônibus para Campina Grande e pagar o ingresso do confronto.

 

André Dias, um dos torcedores que ajudou Júlio César, conta que o rapaz foi às lágrimas quando recebeu a informação de que iria ao jogo. “Logo ele ligou para mãe dele emocionado falando que tinha certeza que Deus não iria abandoná-lo”. Foi um movimento de família. Todos mobilizados na causa dele”, explicou.

 

Com informações do Jornal O Povo.

 

A diretoria do Ferrão tomou conhecimento da história e prometeu uma camisa oficial autografada pelo atacante Edson Cariús, artilheiro da Série D com 11 gols e ídolo coral.

 

“Não vou nunca esquecer disso. Vou realizar meu sonho. Melhor dia da minha vida. Nunca tinha pedido dinheiro nem quando estava com fome, mas tive coragem pelo Ferroviário. Comecei a chorar (quando disseram que lhe levariam para o jogo)”, afirmou Júlio ao O POVO.

 

Júlio César mora na zona rural de Marco com a esposa e a filha de um ano. A paixão pelo Ferroviário foi herdada do padrasto, que trabalhava na Rede de Viação Cearense (antiga RFSSA), da qual remonta o time. Desempregado, o rapaz tenta tirar renda como mototaxista, o que ainda não é suficiente para pagar as despesas mensais. Vive numa casa simples, sem aparelhos eletrônicos, tanto que não consegue assistir aos jogos do time do coração pela televisão. Para saber os resultados, ele liga para a mãe, que mora em Caucaia – onde Júlio está hospedado desde segunda-feira.

 

A cartolina usada para levar a mensagem no sinal foi comprada com dinheiro emprestado pela mãe. Júlio não tinha nem como comprar a caneta para escrever a mensagem, mas um grafiteiro lhe ajudou.

 

“Quando disse que eu ia fazer isso, meus amigos de Marco me chamaram de doido. Quando falei que vou viajar para a Paraíba, eles não acreditaram”, contou.

 

Em Campina Grande, Júlio César tentará cumprir uma promessa feita ao padrasto, antes de ele ter falecido. “Eu disse que ainda ia ver o Ferroviário sendo campeão ou deixaria um filho vivo para ver”.

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