Dois modelos de educação podem ser concebidos.
Por João Baptista Herkenhoff
Um que se opõe a todas as mudanças estruturais porque defende a imobilidade social. “Que fique tudo como dantes no quartel de Abrantes”, como se dizia em outros tempos.
Outro que pretende desnudar a realidade: a) denuncia a injustiça do sistema; b) nega a ideia de que alguns nascem para dominar e outros para serem dominados, segundo o dito popular: “Quem nasce para boi nunca chega a ferrão”; c) discorda também de uma mudança de papéis entre opressores e oprimidos, conforme retratado com sutileza pelos versos de João Mulato e Douradinho: “Na boiada já fui boi, o carreiro me bateu, o carreiro virou boi, o ferrão agora é meu”.
O mundo pretendido pela educação libertadora é um mundo de fraternidade, sem espada e sem ferrão, sem coronéis que ordenam e boiada que obedece.
O projeto final da educação libertadora é contribuir para que as pessoas sejam agentes de transformação do mundo, inserindo-se na História.
Não foi por mero acaso que Paulo Freire foi preso pela Ditadura de 1964, nem foi sem motivo que o emérito educador foi obrigado a exilar-se durante aquele sombrio tempo de Brasil.
Os ideólogos de 1964 leram Paulo Freire e perceberam que a proposta educacional de Freire não se coadunava com o modelo autoritário.
João Baptista Herkenhoff (Juiz de Direito aposentadoo – ES, palestrante e escritor).
Email: jbpherkenhoff@gmail.com
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