O lote de 42,9 mil vacinas contra influenza recebido por Fortaleza, no último sábado, 28 de abril, só durou três dias. Ontem já não havia a vacina em nenhum posto de saúde. Mesmo no meio de uma campanha e com intensa publicidade, a previsão de normalização no abastecimento é apenas no sábado, 5, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
O posto de saúde Paulo Marcelo, no Centro, poderia vacinar entre 1.300 e 1.500 pessoas, segundo o coordenador da unidade, Tiago Costa. Mas as últimas cem doses foram ministradas ainda no começo da manhã de ontem. Contudo, a busca seguiu constante durante o dia — no mesmo ritmo em que o segurança repetia “não tem”.
“Pela propaganda deveria ter vacina”, reclamava Geovani Marques, agente penitenciário de 55 anos que procurava a imunização pela quarta vez, no posto Santa Liduína, no Parque Araxá. Há pressa ainda porque a vacina demora de 15 a 20 dias para conferir imunidade ao organismo.
No Rodolfo Teófilo, no posto Anastácio Magalhães, Maria Marinete de Oliveira, 67, foi levada pela filha Ana Veridiana para ser imunizada. Não tinha vacina. “Viagem perdida. Ela tem câncer e é cadeirante. Na diálise, já cobraram a vacina”, lamentou a filha.
A busca por imunização é justificada pelo número de casos. Apesar de não ser considerada epidemia pela Secretaria da Saúde do Estado, foram 91 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pela influenza, no Ceará; do subtipo H1N1 foram 76.
Com informações do Jornal O Povo.
Além dos 11 óbitos registrados no Boletim Epidemiológico da última sexta-feira, houve pelo menos mais uma morte cuja causa suspeita seja o H1N1. A professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) Edilene Ribeiro Batista, 50, morreu segunda-feira, após dez dias internada com quadro grave de insuficiência respiratória. A causa ainda será especificada em laudo.
Vanessa Soldatelli, coordenadora de Imunização da SMS, havia projetado reabastecimento da vacinas nos postos até hoje, conforme matéria do O POVO de segunda-feira. Todavia, nova previsão indica que não haverá vacina antes de sábado. “A população está assustada, mas a gente vai ter vacina pra todo mundo até o fim da campanha”, tenta tranquilizar. A SMS não divulgou ainda quais postos estarão abertos no fim de semana.
A oferta de vacinas não supre a demanda, entre outras razões, por logística. A assessoria de imprensa do Ministério da Saúde informou ter enviado ao Ceará 1,2 milhão de doses. “Nesta semana o Estado receberá mais 520 mil doses, totalizando 70% do quantitativo que o Estado receberá para a campanha (2,5 milhões). O Ministério reitera que não há falta de vacinas para a campanha. Faltas pontuais nos postos de saúde podem ser explicadas por questões logísticas”, completou o Ministério da Saúde.
GRUPO PRIORITÁRIO
Pessoas a partir de 60 anos; crianças de seis meses a menores de cinco anos; trabalhadores de saúde; professores das redes pública e privada; povos indígenas; gestantes; puérperas (até 45 dias após o parto); pessoas privadas de liberdade – o que inclui adolescentes e jovens de 12 a 21 anos em medidas socioeducativas; e funcionários do sistema prisional. As pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais também devem se vacinar.
