Indícios de uso irregular de CPFs de beneficiários do Programa Bolsa Família em plataformas de apostas online foram identificados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Dados repassados pelo Banco Central revelam que, apenas em janeiro de 2025, cerca de R$ 3,7 bilhões saíram de contas de pessoas inscritas no programa e foram direcionados a empresas do setor.
Segundo o relator do processo, ministro Jhonatan de Jesus, a suspeita é de que parte dessas movimentações esteja relacionada a lavagem de dinheiro e ocultação de ganhos ilícitos. Embora nem todos os valores tenham origem direta no benefício, o volume das transações acendeu um alerta no órgão de controle.
Como medida imediata, o TCU determinou que o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social e o Banco Central elaborem, em até 90 dias, um plano de ação voltado a identificar e coibir movimentações financeiras fora do padrão entre beneficiários. O caso também foi encaminhado ao Coaf, à Receita Federal e ao Ministério Público Federal, que devem aprofundar as investigações sobre possíveis fraudes e o uso indevido de identidades.
De acordo com o levantamento, 21,9% das famílias atendidas pelo Bolsa Família tiveram contato com apostas em janeiro de 2025 e 4,4% delas concentraram 80% do montante transferido. O estudo indica ainda que 83,93% dos beneficiários declararam possuir outras fontes de renda, o que dificulta o rastreamento da origem dos recursos.
Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), a soma das rendas declaradas chega a R$ 13,73 bilhões. A quantia praticamente iguala o valor total repassado pelo programa no mês, que foi de R$ 13,70 bilhões.
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