Nesta segunda-feira, dia 25 de março, é comemorado Data Magna do Ceará, sendo um feriado estadual que marca o fim da escravidão no Estado. Há exatos 140 anos, em 1884, o Ceará se tornou a primeira província brasileira a libertar os escravos, quatro anos antes da promulgação da Lei Áurea, que aboliu a escravidão em todo o país, acontecendo apenas em 1888.
A instauração da Data Magna do Ceará como feriado estadual foi uma iniciativa do ex-deputado estadual Lula Morais, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que apresentou o projeto na Assembleia Legislativa. A aprovação ocorreu em 6 de dezembro de 2011, através de uma lei publicada no Diário Oficial do Estado, durante a gestão de Cid Gomes, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), que na época era do Governador do Estado e hoje atua como senador.
O fim da escravidão no Ceará é um capítulo marcante na história do país. O estado se destacou por antecipar em quatro anos a abolição, sob a liderança de figuras como Manuel Sátiro de Oliveira Dias, que presidia a província na época, e especialmente Francisco José do Nascimento, mais conhecido como Dragão do Mar ou Chico da Matilde.
Nascido em 1839 em Canoa Quebrada, município de Aracati, Francisco José desafiava o sistema escravagista. Nomeado prático da Capitania dos Portos em 1874, ele testemunhou de perto o tráfico negreiro e, em 1881, liderou os jangadeiros em uma histórica recusa em transportar escravos para os navios negreiros, fechando o Porto de Fortaleza e impedindo o embarque de escravos para outras províncias.
A ação de Dragão do Mar reverberou em todo o Brasil, fazendo com que as lutas abolicionistas ganhassem força fora do Estado, sendo fortalecida em todo o país. O trabalho do mesmo ao fim da escravidão é celebrada até os dias de hoje, recebendo homenagens como a nomeação do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, pelo Governo do Estado do Ceará, em 1999.
Contudo, mesmo com a Data Magna do Ceará seja marcada em 25 de março, alguns historiadores afirmam que, na verdade, em 1ª de janeiro de 1883 como o verdadeiro início da abolição da escravatura no estado. Sendo um ato simbólico na Vila do Acarape, no qual atualmente corresponde ao município de Redenção, na região do Maciço de Baturité. Segundo esses pesquisadores, 116 escravos receberam suas cartas de libertação em frente à igreja Matriz da cidade, em um gesto que marcou o começo do fim da escravidão na região.
Redenção, anteriomente conhecida como Rosal da Liberdade, é um símbolo da abolição da escravidão no Brasil. O município preserva sua história através de museus e prédios históricos, como o Museu Senzala Negro Liberto, que mantém o legado daqueles que foram escravizados, possibilitando uma reflexão contínua sobre esse período sombrio da história brasileira.
