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Fortaleza é 2ª capital com mais uso de moto para trabalho

Foto: Reprodução

Fortaleza é a segunda capital do país com o maior número absoluto de trabalhadores que utilizam motocicleta para se deslocar ao trabalho. De acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta quinta-feira, 9, aproximadamente 110 mil pessoas que residem e trabalham na capital cearense usam a moto como principal meio de locomoção.

O total faz Fortaleza ficar atrás apenas de São Paulo em quantidade de trabalhadores que utilizam motocicletas para trabalhar, liderando o ranking com 163 mil usuários.

As informações fazem parte do levantamento “Deslocamentos para trabalho e estudo”, do IBGE, que detalha como os brasileiros se deslocam diariamente para suas atividades profissionais e educacionais.

Segundo o IBGE, o ônibus ainda é o principal meio de transporte utilizado por quem vive e trabalha em Fortaleza, com cerca de 227 mil pessoas (28,41%) usando os coletivos como forma principal de deslocamento entre casa e trabalho.

Em segundo lugar está o automóvel, escolhido por 220 mil trabalhadores (27,53%), seguido pela motocicleta, usada por 13,75% dos trabalhadores fortalezenses — o equivalente a um em cada sete usuários.

A porcentagem coloca a Capital como a 10ª cidade do Brasil com maior adesão ao uso de moto por trabalhadores e a 3ª do Nordeste, ficando atrás apenas de Teresina (27,99%) e João Pessoa (16,98%).

Veja os meios de transporte mais utilizados para o deslocamento ao trabalho em Fortaleza:

  • Ônibus – 227.839 pessoas (28,41%)
  • Carro – 220.883 pessoas (27,53%)
  • Moto – 110.319 pessoas (13,75%)
  • Bicicleta – 56.079 pessoas (6,99%)

Já aqueles que fazem o percurso casa-trabalho a pé somam 109.476 pessoas, representando 13,65% dos trabalhadores da Capital. O levantamento também detalhou algumas categorias específicas de transporte. O BRT (ônibus de trânsito rápido) foi citado por 2,2 mil pessoas, enquanto vans, peruas ou veículos semelhantes foram mencionados por cerca de 3 mil usuários.

Para o coordenador do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ademar Gondim, o aumento do uso de motocicletas está diretamente associado à queda na qualidade e na oferta do transporte coletivo.

“Até 2012, nós tínhamos uma frota de ônibus com média de 3 anos e meio de uso e 1,2 milhão de passageiros por dia. Hoje, a frota tem idade média superior a 8 anos e transporta apenas 500 mil. Para onde migraram esses 700 mil passageiros? Provavelmente para a moto ou para os transportes por aplicativo”, aponta.

Ele afirma que a preferência pela motocicleta é, em grande parte, uma consequência da ausência de alternativas acessíveis e eficazes.

“Se o transporte público não oferece conforto, segurança e regularidade, as pessoas procuram outra opção. O automóvel atende ao conforto e segurança, mas tem um custo muito elevado. A moto se torna a alternativa mais fácil e financeiramente acessível”, observa Gondim.

O especialista ressalta, no entanto, que a motocicleta não deve ser encarada como solução para o deslocamento urbano, especialmente no transporte de passageiros.

“Quando se leva passageiro, o risco aumenta muito. Um acidente de moto envolve um veículo que não oferece equilíbrio e exige habilidade. Quem mais sofre, geralmente, é quem está na garupa”, explica.

Em 2024, segundo a AMC, 184 pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito nas vias de Fortaleza. Os motociclistas foram as principais vítimas, representando 55% do total de óbitos. Em seguida, aparecem os pedestres (32%), ciclistas (8%) e ocupantes de veículos de quatro ou mais rodas (5%).

Na última segunda-feira, 6, o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), anunciou o projeto Faixa Azul. A proposta é implantar faixas prioritárias para motos em ruas e avenidas mais movimentadas da cidade, com o objetivo de melhorar a segurança e reduzir acidentes.

A iniciativa deve ser implementada, inicialmente, nos bairros Pici e Cocó. Segundo a administração municipal, elas não serão exclusivas nem obrigatórias, apenas prioritárias, e os motociclistas deverão obedecer a todas as normas de trânsito da via.

Para o professor Ademar Gondim, o caminho para diminuir a dependência de transportes individuais passa por uma política de reestruturação do sistema de transporte coletivo. “É preciso aumentar a oferta, com veículos novos, confortáveis e tarifas acessíveis. Não adianta oferecer um serviço se a pessoa não pode pagar”.

No Ceará, a moto é o principal transporte dos trabalhadores

A motocicleta é o principal meio de locomoção para grande parte da população ocupada no Ceará, sendo utilizada por 31,46% dos trabalhadores no trajeto casa-trabalho. O uso da moto é mais predominante em cidades do Interior, com destaque para São João do Jaguaribe (70,71%, 845 pessoas), Tabuleiro do Norte (67,88%, 5.073 pessoas) e Milhã (67,18%, 1.795 pessoas).

Por outro lado, nas cidades mais urbanizadas e próximas à Capital, o índice de trabalhadores que usam motocicleta é bem inferior: Caucaia (18,52%) e Eusébio (17,30%). Apesar de Fortaleza concentrar o maior número absoluto de motociclistas do Estado, o uso proporcional à população economicamente ativa é o mais baixo.

Em nível regional, o Nordeste concentra o maior volume absoluto de trabalhadores que usam motocicleta para ir ao trabalho, com 3,5 milhões de pessoas, o que representa 23,93% do total. No entanto, em comparação com os outros meios de transporte, a região fica abaixo do Norte, onde 27,53% dos trabalhadores utilizam moto no trajeto entre casa e trabalho.

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