
O IBGE divulga, hoje, o módulo do Censo 2022 sobre Trabalho e Rendimento, apresentando indicadores como a taxa de ocupação, o rendimento de todos os trabalhos e o grau de escolaridade da população ocupada no Brasil, Unidades da Federação e municípios. O Censo 2022 também possibilita um recorte mais detalhado do que a PNAD Contínua para as atividades laborais e os grupos etários, além de fornecer dados sobre os cinco grupos de cor ou raça: amarelos, brancos, pretos, pardos e indígenas.
Também estão sendo publicados, no mesmo recorte geográfico, o rendimento domiciliar per capita e a parcela do rendimento do trabalho no total de rendimentos dos moradores, entre outros indicadores. Essas informações foram coletadas pelo questionário da Amostra do Censo 2022, aplicado em aproximadamente 10% dos domicílios do país, com 7,8 milhões de entrevistas. Os resultados estão acessíveis no portal do IBGE, nas tabelas e mapas do SIDRA e nos mapas interativos do Panorama do Censo.
Fernando de Noronha (PE) tem o maior nível de ocupação do país: 82,9%
O nível de ocupação é um indicador que mede a fração de pessoas ocupadas em relação ao total da população com 14 anos ou mais. A partir dos dados da Amostra do Censo 2022, torna-se possível calcular esse indicador para cada um dos 5.571 municípios do país. Os três municípios com os mais elevados níveis de ocupação foram Fernando de Noronha/PE, com 82,9%, Vila Maria/RS (78,4%) e Serra Nova Dourada/MT (78,2%). Esses percentuais são bem superiores à taxa média de ocupação do Brasil (53,5%) e de cada uma das cinco Grandes Regiões: Norte (48,4%), Nordeste (45,6%), Sudeste (56,0%), Sul (60,3%) e Centro-Oeste (59,7%).
Nível de ocupação dos homens (62,9%) ultrapassa o das mulheres (44,9%)
A disparidade do nível de ocupação entre os gêneros permaneceu evidente em 2022, com taxas de 62,9% para os homens e 44,9% para as mulheres. O recorte por cor ou raça revelou semelhanças entre as categorias branca, preta, amarela e parda: o nível de ocupação dos homens variou de 64,6% (pretos) a 61,3% (pardos) e o das mulheres, de 47,4% (brancas) a 42,1% (pardas). Já a população indígena apresentou nível de ocupação menor, para homens (48,1%) e mulheres (30,8%).
O grupo etário dos 35 aos 39 anos apresenta o maior nível de ocupação: 72,8%
Em 2022, o grupo etário com o maior índice de ocupação no país foi o de 35 a 39 anos (72,8%), diminuindo gradualmente até atingir 14,9% no segmento de 65 anos ou mais. Ao longo de todas as faixas etárias, o índice de ocupação masculino foi sempre superior ao feminino. Na faixa de 35 a 39 anos, o nível dos homens alcançou 82,6%, e o das mulheres, 63,6%.
O nível de ocupação do grupo etário de 14 a 17 anos foi de 13,2% entre os homens e de 9,0% entre as mulheres. De acordo com a lei brasileira, o trabalho de adolescentes de 16 ou 17 anos é permitido, salvo em atividades prejudiciais à saúde, segurança e moralidade. No caso dos adolescentes de 14 ou 15 anos, o trabalho é autorizado apenas na modalidade de aprendiz.
28,9% das mulheres têm ensino superior completo, contra 17,3% dos homens
Em 2022, a população ocupada feminina apresentou maior escolaridade do que a masculina. Enquanto 28,9% das mulheres ocupadas tinham nível superior completo, entre os homens esse percentual era 17,3%. Por outro lado, 43,8% dos homens ocupados não haviam concluído o ensino médio, enquanto entre as mulheres esse índice era 29,7%.
Nas faixas de menor escolaridade, a participação masculina também se destacou: 17,4% dos homens tinham ensino médio incompleto, contra 13,5% das mulheres, e 26,4% deles tinham o fundamental incompleto, frente a 16,2% das mulheres ocupadas.
Mais da metade (52,1%) dos ocupados amarelos possuem ensino superior completo
Considerando-se cor ou raça, as pessoas ocupadas identificadas como indígenas (34,7%), pretas (27,0%) e pardas (26,0%) apresentaram os maiores percentuais de ocupados sem ensino fundamental completo. No outro extremo, mais da metade dos ocupados de cor amarela (52,1%), e quase um terço da população ocupada branca (30,7%), tinham o ensino superior completo.

60,8% dos profissionais do conhecimento são mulheres
Mesmo representando menos da metade (43,6%) da população ocupada do país, as mulheres superaram os homens em três dos dez grandes grupos ocupacionais considerados: profissionais das ciências e intelectuais (60,8%), trabalhadores de apoio administrativo (64,9%) e trabalhadores dos serviços, vendedores de comércio e mercados (58,9%). Por outro lado, em dois grandes grupos a participação feminina foi inferior a 10%: operadores de instalações e maquinaria e montadores (7,4%) e membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares (9,3%).
O Censo demográfico permite detalhar as participações de homens e mulheres dentro das 21 seções de atividades ocupacionais: serviços domésticos registraram a maior predominância feminina (93,1%), seguidos por saúde humana e serviços sociais (77,1%), educação (75,3%), outras atividades de serviços (66,8%) e alojamento e alimentação (61,2%). Já as seções com menor representatividade feminina foram construção (3,6%), transporte, armazenagem e correio (9,3%) e indústrias extrativas (14,4%).
Em 9,3% dos municípios, o rendimento médio do trabalho era inferior a um salário mínimo
Em 520 dos 5.571 municípios do país, ou seja, 9,3% do total, o rendimento nominal médio mensal de todos os trabalhos das pessoas ocupadas estava abaixo de um salário mínimo (R$ 1.212). Por outro lado, em 19 municípios esse indicador ultrapassava R$ 4.848, isto é, mais de quatro salários mínimos.
Os dez municípios com os menores rendimentos médios mensais de todos os trabalhos estavam concentrados no Nordeste, destacando-se Cachoeira Grande/MA (R$ 759), seguida por Caraúbas do Piauí/PI (R$ 788) e Mulungu do Morro/BA (R$ 805). Em contrapartida, os dez municípios com os maiores rendimentos médios estavam nas regiões Sudeste e Sul, com destaque para Nova Lima/MG (R$ 6.929), São Caetano do Sul/SP (R$ 6.167) e Santana de Parnaíba/SP (R$ 6.081).
Mais de um terço dos trabalhadores do país recebem até um salário mínimo
O rendimento do trabalho é um dos principais indicadores da qualidade da inserção dos indivíduos no mercado. Em 2022, enquanto 35,3% dos trabalhadores ganhavam um salário mínimo (R$ 1.212) ou menos, apenas 7,6% recebiam mais de cinco salários mínimos.
Em 2022, a renda mensal de todos os trabalhos dos homens (R$ 3.115) superou em 24,3% a das mulheres (R$ 2.506). O recorte por cor ou raça revelou valores mais elevados para as categorias amarela (R$ 5.942) e branca (R$ 3.659), situadas bem acima da média nacional (R$ 2.851). Em seguida vinham as categorias parda (R$ 2.186), preta (R$ 2.061) e indígena (R$ 1.683).
Censo evidencia desigualdades de renda por gênero e cor ou raça
Em 2022, em qualquer nível de escolaridade considerado, os homens ocupados recebiam rendimentos mensais superiores aos das mulheres ocupadas. A maior diferença ocorreu no nível superior completo: R$ 7.347 para homens e R$ 4.591 para mulheres.
Levando em conta os cinco grupos de cor ou raça analisados no Censo 2022, os ocupados declarados como amarelos, seguidos pelos brancos, receberam salários médios nominais mensais mais elevados em todos os níveis de instrução. A discrepância mais acentuada ocorreu no nível superior completo: amarelos (R$ 8.411), brancos (R$ 6.547), pardos (R$ 4.559), pretos (R$ 4.175) e indígenas (R$ 3.799).
Querência (MT) lidera participação do rendimento do trabalho na renda domiciliar: 93,7%
O rendimento de todas as fontes é composto pelos ganhos de todos os trabalhos mais os rendimentos oriundos de outras fontes, que incluem aposentadoria, pensão, benefícios sociais, rendimentos de aluguel ou arrendamento e outras origens. Em 2022, cerca de 75,5% do rendimento domiciliar mensal total do país provinha de trabalho, enquanto as demais fontes representavam 24,5%.
Os dez municípios com maiores participações do rendimento de trabalho na composição da renda domiciliar estavam no Centro-Oeste, com destaque para Querência (93,7%), Sapezal (93,5%) e Primavera do Leste (92,9%). Já os dez municípios com menores proporções situavam-se no Nordeste, com destaque para Vera Mendes/PI (23,0%), Jurema/PI (24,8%) e Venha-Ver/RN (24,8%), onde menos de ¼ da renda domiciliar provinha do trabalho.
Nova Lima (MG) tem maior rendimento domiciliar per capita e Uiramutã (RR), o menor
Em 2022, o rendimento médio domiciliar mensal por pessoa foi de R$ 1.638. As três Unidades da Federação com os maiores valores desse indicador foram Distrito Federal (R$ 2.999), Santa Catarina (R$ 2.220) e São Paulo (R$ 2.093). Já os menores valores foram registrados no Maranhão (R$ 900), Amazonas (R$ 980) e Pará (R$ 994).
Nos municípios, os dez com maiores rendas domiciliares per capita estavam no Sudeste e Sul, com destaque para Nova Lima/MG (R$ 4.300), São Caetano do Sul/SP (R$ 3.885), Florianópolis/SC (R$ 3.636), Balneário Camboriú/SC (R$ 3.584) e Niterói/RJ (R$ 3.577). Em contrapartida, os dez municípios com menores valores estavam no Norte e Nordeste, com ênfase para Uiramutã/RR (R$ 289), Bagre/PA e Manari/PE (ambos com R$ 359), Belágua/MA (R$ 388) e Cachoeira Grande/MA (R$ 389).
População amarela obtém maior rendimento domiciliar per capita e indígena o menor
Os valores do rendimento domiciliar mensal per capita para as populações amarela (R$ 3.520) e branca (R$ 2.207) estão bastante superiores aos encontrados para as populações preta (R$ 1.198), parda (R$ 1.190) e indígena (R$ 669).
A desagregação desse indicador, considerando conjuntamente gênero e cor ou raça, revela diferenças marcantes: o rendimento domiciliar per capita de um homem identificado como amarelo (R$ 3.649) é mais de cinco vezes o de uma mulher identificada como indígena (R$ 665).

13,3% da população brasileira tinham rendimento domiciliar per capita de até ¼ de salário mínimo
Considerando a distribuição da população por classes de rendimento em salários mínimos, 13,3% dos brasileiros tinham rendimento mensal domiciliar per capita médio de até ¼ de salário mínimo em 2022. Essa participação foi superior nas Regiões Norte (23,3%) e Nordeste (22,4%) e inferior nas regiões Sul (5,4%), Centro-Oeste (8,1%) e Sudeste (9,1%).
Todas as Unidades da Federação com percentuais acima da média nacional (13,3%) estavam no Norte e Nordeste, com destaque para Amazonas (28,4%), Maranhão (26,6%) e Roraima (25,5%). Já as menores participações estavam no Sul: Santa Catarina (3,8%), Paraná (5,7%) e Rio Grande do Sul (6,1%).
Na divisão por cor ou raça, a proporção de pessoas com rendimento domiciliar mensal per capita de até ¼ de salário mínimo foi menor entre amarelos (6,6%) e brancos (8,7%) e maior entre pretos (14,9%), pardos (17,0%) e, principalmente, indígenas (41,0%).
Mais sobre a pesquisa
Esta divulgação do Censo 2022 apresenta estatísticas sobre o mercado de trabalho e os rendimentos da população brasileira, além de incluir uma seção dedicada ao rendimento proveniente de todas as fontes, que é a soma dos ganhos de todos os trabalhos com aposentadorias, pensões, benefícios de programas sociais do governo, rendimentos de aluguéis ou arrendamentos, entre outros.
Foram produzidos indicadores sobre desigualdade e distribuição da renda, como o Índice de Gini, a distribuição da massa de rendimento, e a participação do rendimento do trabalho na composição do rendimento total domiciliar.