O setor comercial brasileiro gerou uma receita operacional líquida de R$ 7,1 trilhões em 2023, segundo dados da 35ª edição da Pesquisa Anual de Comércio (PAC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento revela que cerca de 1,5 milhão de empresas comerciais estavam em atividade no país, empregando 10,5 milhões de pessoas e pagando R$ 352,7 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.
A pesquisa, que analisa a estrutura do comércio nacional desde 1996, divide o setor em três grandes segmentos: comércio por atacado, comércio varejista e comércio de veículos, peças e motocicletas. Em 2023, o comércio por atacado liderou em participação na receita, com 49,7% do total, seguido pelo varejo (41,2%) e pelo comércio de veículos (9,1%).

Nos últimos dez anos, o atacado foi o único segmento que ampliou sua representatividade, com um aumento de 5,9 pontos percentuais. Enquanto isso, o varejo e o comércio de veículos perderam espaço, com uma queda de 3,4 e 2,6 pontos percentuais, respectivamente.
Análise por Setores
Entre os 22 agrupamentos analisados, destacaram-se o comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes (11,8%), os hipermercados e supermercados (11,6%) e o comércio por atacado de alimentos, bebidas e fumo (8,5%). O comércio por atacado de matérias-primas agrícolas e animais vivos foi o que mais cresceu em participação na receita, passando de 15º para 6º no ranking, enquanto o comércio de veículos automotores foi o que mais perdeu, saindo da 3ª para a 7ª posição.
A margem de comercialização, que representa a diferença entre a receita líquida de revenda e o custo das mercadorias vendidas, totalizou R$ 1,6 trilhão em 2023. O varejo respondeu por 52,4% desse valor, seguido pelo atacado (40%) e pelo comércio de veículos (7,6%). A taxa de margem geral do setor caiu de 30,6% para 29% em uma década, refletindo uma redução na capacidade de gerar receita acima dos custos de aquisição.
Entre 2013 e 2023, a margem de comercialização no comércio caiu de 30,6% para 29,0%. No varejo, passou de 39,4% para 39,1%; no atacado, caiu para 22,5%; e no setor de veículos, peças e motos, chegou a 23,4% em 2023.

A concentração de mercado também apresentou queda. A participação das oito maiores empresas do setor passou de 10,2% em 2014 para 9,3% em 2023. No comércio varejista de informática, comunicação e artigos de uso doméstico, a concentração foi de 41,2%, uma das mais elevadas entre os segmentos analisados.
As maiores margens de comercialização em 2023 foram registradas no comércio varejista, com destaque para artigos culturais, recreativos e esportivos (84,9%), vestuário, tecidos, armarinho e calçados (83,0%) e produtos farmacêuticos e médicos (62,8%). Já as menores taxas ficaram com o atacado de combustíveis (6,5%), matérias-primas agrícolas (11,9%) e o comércio de veículos (14,3%). A maior queda foi no atacado de produtos farmacêuticos e itens de papelaria, que recuou de 57,6% para 50,4% em dez anos.
Empregos
No mercado de trabalho, o comércio empregou 10,5 milhões de pessoas em 2023, o segundo maior número da série histórica iniciada em 2007. O varejo concentrou a maior parte dos empregos (7,7 milhões), seguido pelo atacado (2 milhões) e pelo comércio de veículos (902,9 mil).
O porte médio das empresas comerciais foi de sete pessoas por empresa, valor estável em relação a 2014. Os maiores salários foram pagos pelo comércio por atacado, com média de 2,9 salários mínimos, enquanto o varejo registrou os menores valores, com média de 1,7 salário mínimo.
Regiões Brasileiras
A análise regional mostra que a Região Sudeste manteve a liderança em receita, número de empresas e empregos, embora tenha perdido participação nos últimos dez anos. Em 2023, o Sudeste respondeu por 48,9% da receita bruta de revenda, seguido pelas regiões Sul (20,9%), Nordeste (14,6%), Centro-Oeste (11,4%) e Norte (4,1%).
São Paulo continua sendo o estado mais representativo, com 29,2% da receita nacional, apesar de ter registrado a maior queda entre as unidades da federação, com uma diminuição de 2,2 pontos percentuais. Minas Gerais manteve a segunda posição (10%), enquanto o Rio de Janeiro caiu da 3ª para a 6ª colocação (6,2%), sendo ultrapassado por Paraná (8,1%), Rio Grande do Sul (6,5%) e Santa Catarina (6,4%).

Entre 2014 e 2023, o Sudeste perdeu 223,4 mil empregos no comércio, enquanto o Centro-Oeste e o Norte foram as regiões com maior crescimento absoluto. Em 2023, o Sudeste liderava com 5,2 milhões de ocupados, seguido pelo Sul (2,1 milhões), Nordeste (1,9 milhões), Centro-Oeste (947,5 mil) e Norte (378,9 mil).
Quanto aos salários, a média nacional foi de 2 salários mínimos: Sudeste (2,1 salários mínimos) ficou acima da média; Sul (2 salários mínimos) permaneceu igual; Centro-Oeste (1,9 salário mínimo), Norte (1,7 salário mínimo) e Nordeste (1,5 salário mínimo) ficaram abaixo. Nos últimos 10 anos, Sul e Centro-Oeste tiveram leve alta (0,1 salário mínimo), Norte teve queda (–0,1 salário mínimo) e demais regiões mantiveram os valores.
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