Na última sexta-feira (08/08), foi anunciada a falência da empresa Santa Cecília, que operava no transporte público de Fortaleza. A decisão evidencia um cenário de dívidas, frota apreendida e mais de 200 trabalhadores demitidos, segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário do Ceará (Sintro-CE).
A crise que atingiu a companhia não é isolada. Nos últimos anos, cinco das 14 concessionárias que haviam conquistado o direito de operar o transporte coletivo da Capital deixaram o mercado. Para o presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, a situação se repete em várias cidades brasileiras e só poderá ser revertida com apoio do Governo Federal.

“Tem faltado capacidade de prefeituras e governos para sustentar a operação com a qualidade que a população demanda, com toda razão”, comentou.
Alternativas
Enquanto medidas nacionais não são implementadas, soluções emergenciais ganham força. Em cidades como Rio de Janeiro, Natal e Teresina, áreas consideradas deficitárias deixaram de receber atendimento e em Fortaleza também há a possibilidade de que esse mesmo caminho seja seguido.
Das mais de 300 linhas em funcionamento, cerca de 80 são superavitárias. Ou seja, que são financeiramente viáveis por darem lucro. O número representa menos de um terço da rede. Com a retirada de algumas linhas, o impacto chega a bairros de Fortaleza, prejudicando especialmente os moradores do Antônio Bezerra.

A queda no número de passageiros, que ultrapassa 50% desde a pandemia, somada à redução de viagens e ao aumento do tempo de espera nos pontos, agrava o quadro. Mudanças como o fim da função de cobrador, substituída por catracas eletrônicas e acúmulo de funções pelos motoristas, também impactaram a operação. Com isso, sem financiamento sustentável, as empresas não conseguem renovar a frota, que hoje é considerada a mais antiga já registrada no sistema, segundo o Sindiônibus.
Histórico
Em dezembro de 2024, uma decisão judicial autorizou o Banco Volvo a recolher 14 ônibus por falta de pagamento, acelerando o processo de fechamento. Antes mesmo da falência, salários, férias e outros direitos trabalhistas estavam em atraso, segundo o Sintro-CE. O último pagamento parcial ocorreu em junho e, após 11 dias de paralisação, a empresa anunciou o encerramento das atividades.
Para evitar prejuízo à população, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) passou a monitorar as 31 linhas operadas pela Santa Cecília. Como medida imediata, dez veículos reservas foram incorporados para suprir parte da frota. A Prefeitura informou que mantém diálogo com o Sindiônibus para encontrar alternativas que preservem a operação e melhorem a qualidade do transporte na cidade.
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