O setor pesqueiro do Ceará se consolidou como o mais expressivo do país em exportações, com destaque para lagosta, atum e peixes vermelhos, vendidos a 44 países. Embora o Estado se destaque economicamente, a atividade artesanal que sustenta a produção enfrenta incertezas diante da sobretaxa de 50% aplicada pelos EUA a produtos brasileiros.
Pesca Artesanal
A cadeia produtiva cearense é majoritariamente artesanal, composta por aproximadamente 32 mil pescadores que operam pequenas embarcações, muitas vezes sem refrigeração e pertencentes a terceiros. O pescado é comercializado a intermediários ou diretamente aos proprietários dos barcos, sendo repassado à indústria.

Algumas atividades voltadas à exportação, como a captura de atum, utilizam embarcações de médio porte com equipamentos de navegação e autonomia para longos períodos no mar. Entretanto, a pesca de lagosta e outras espécies ainda depende de métodos tradicionais, incluindo botes motorizados e jangadas.
Perfil
Entre os pescadores cadastrados no Ceará, 88,5% têm renda inferior a R$ 1.045 mensais e 60% não concluíram o ensino fundamental. Mulheres representam cerca de 36% da mão de obra e aproximadamente 25% trabalham embarcados. Essa estrutura torna os trabalhadores artesanais os mais vulneráveis às oscilações de preço provocadas pela sobretaxa americana, que pode reduzir a remuneração na ponta da cadeia.
Impactos e Medidas
O declínio da pesca industrial no Brasil, provocado pela superexploração e redução da população de espécies marinhas, consolidou a pesca artesanal como dominante. Atualmente, apenas alguns estados mantêm atividades industriais significativas, concentrando cerca de 4,4 mil pescadores, enquanto a pesca artesanal reúne aproximadamente 2 milhões de profissionais no país.

Apesar do extenso litoral brasileiro, a abundância de peixes é limitada, tendo uma produção de aproximadamente 800 mil toneladas. Em contraste, países como o Peru produzem entre sete e nove milhões de toneladas de pescado graças a correntes marítimas mais nutritivas.
Especialistas avaliam que a conjuntura atual oferece uma oportunidade para o Ceará diversificar mercados e reduzir a dependência dos EUA, retomando negociações com a União Europeia. O grupo suspendeu compras brasileiras em 2017 por questões sanitárias.
Com o objetivo de minimizar os efeitos da tarifa, o Governo do Ceará anunciou a compra de produtos afetados e a destinação a programas sociais, escolas e hospitais. No entanto, o pagamento não será equivalente ao preço de exportação.
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