
A Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) está desenvolvendo uma plataforma digital para identificar e mapear os terreiros de matrizes africanas do Ceará. O recurso tem como objetivo facilitar a formulação de políticas públicas direcionadas a esse grupo e deve ser apresentado até o final de novembro deste ano.
A proposta é que o novo sistema reúna e organize informações sobre os terreiros existentes no Estado, como a quantidade e localização, permitindo um melhor acompanhamento e maior apoio por parte do Governo estadual.
De acordo com a superintendente Juliana Barroso, primeira mulher a chefiar uma vinculada da SSPDS, a ação está sendo desenvolvida por meio de uma cartografia social, método de mapeamento colaborativo.
Ou seja, os próprios líderes dos terreiros poderão acessar a plataforma e inserir suas informações, autodeclarando-se e delimitando sua área de atuação.
A iniciativa é divulgada após episódios de intolerância religiosa contra esses grupos terem sido registrados no Estado com a chegada da facção Terceiro Comando Puro (TCP). Somente em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), pelo menos quatro terreiros de umbanda foram obrigados a encerrar as atividades em setembro passado.
Segundo Barroso, a ferramenta foi idealizada em referência ao Novembro Negro, mês em que se celebra a Consciência Negra no Brasil. No entanto, ela reconhece a importância de assegurar a proteção dos terreiros.
“Hoje a gente não conhece (quem são), onde estão (os terreiros) (…) Como a gente faz uma prevenção se a gente não sabe nem onde estão?”, destaca. Informações devem ser compartilhadas com a Secretaria de Igualdade Racial do Ceará (Seir), permitindo que políticas públicas sejam construídas a partir disso.
Conforme a superintendente, o Governo ainda não dispunha de uma ferramenta semelhante à que está sendo construída, que funcionará de modo interativo, trazendo mais detalhes sobre os espaços religiosos e seus participantes. “A gente sabe que eles estão sofrendo (…) Mas esse conhecimento não chega na fonte da policia civil, que é a nossa fonte principal”, diz.
Superintendência deve lançar mais ações até o fim do ano
Além da plataforma, outras iniciativas estão sendo preparadas pela Supesp para serem lançadas ainda em 2025, como a divulgação de um novo Procedimento Operacional Padrão (POP) para Pessoas Desaparecidas.
A proposta pretende garantir uma atuação conjunta entre os órgãos de segurança, como a Polícia Militar (PMCE), a Polícia Civil (PC-CE) e o Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE), entre outros, a fim de definir um protocolo unificado de ações a serem seguidas em casos de desaparecimento.
“Chegava (informações) do Corpo de Bombeiro, mas não necessariamente isso era (encaminhado) pra delegacia (…) E agora a gente conseguiu se olhar dentro do próprio sistema e estabelecer qual é o procedimento quando (um desaparecimento) acontece (…) A gente foi mapeando fluxos internos que já existiam, e a gente consolidou no documento”, explica.
Além disso, a Supesp pretende disponibilizar um painel informativo com dados sobre pessoas desaparecidas, reunindo informações sobre gênero, raça e áreas com maior incidência de casos, entre outros aspectos.
A Superintendência também busca integrar bancos de dados com as Guardas Municipais, unificando estratégias locais, e desenvolver um novo painel interativo com dados sobre violência contra animais.


