O Ceará apresentou um aumento de 24,11% nas emissões líquidas de gases de efeito estufa entre 2018 e 2023, conforme o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado (IEGEE-CE). O documento foi lançado nesta quinta-feira (13/11) pelo governador Elmano de Freitas (PT) durante a COP30, em Belém.
As emissões passaram de 28,17 para 34,96 milhões de toneladas de CO₂ equivalente (MtCO₂e), resultado que considera a diferença entre os gases lançados na atmosfera e aqueles removidos. O levantamento servirá de referência para a formulação de políticas públicas de mitigação e adaptação climática.

Elaborado pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), em parceria com o ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, o documento reúne o panorama das emissões e remoções no território cearense e inaugura a fase seguinte da política climática estadual. Essa etapa inclui o fortalecimento institucional, a definição de metas e a ampliação da transparência, além de ações de capacitação técnica.
Ao apresentar o inventário, Elmano destacou que o diagnóstico permitirá direcionar medidas voltadas à redução das emissões. “Não tenho dúvida que uma das estruturas, das ideias, é garantir o recaatingamento. Temos um bioma muito sensível. Nós precisamos garantir que agricultores, proprietários rurais que fazem a preservação da Caatinga possam receber por esses serviços ambientais”, esclareceu.
Dados
Os três setores que mais contribuíram para o aumento das emissões no período foram Agricultura, Florestas e Uso do Solo, que registrou crescimento de 166% impulsionado pelo desmatamento e pela pecuária; Processos Industriais e Uso de Produtos (IPPU), com alta de 13,3% motivada principalmente pelas indústrias de aço e cimento; e Transportes, que apresentou elevação de 8,2% em razão do uso de combustíveis fósseis no modal rodoviário.

Além dessas áreas, o setor de Energia Estacionária apresentou queda de 72,5%, embora ainda dependa de fontes fósseis, sobretudo em anos de maior geração termoelétrica a carvão. Já o segmento de Resíduos registrou aumento de 18,6% nas emissões, influenciado pelas unidades de disposição final, efluentes e práticas como incineração e queima a céu aberto.
“Num semiárido já afetado pelos impactos da mudança do clima, o inventário orienta a redução das emissões, a transição energética e o fortalecimento de práticas agrícolas de baixo carbono, valorizando a Caatinga”, comentou o secretário executivo do ICLEI, Rodrigo Perpétuo.
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