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Economia circular avança na indústria cearense, diz sondagem da FIEC e CNI

Foto: Reprodução

A transição para uma economia mais sustentável e eficiente em recursos vem ganhando espaço no setor produtivo cearense. É o que revela a “Sondagem Especial sobre Economia Circular”, realizada pelo Observatório da Indústria Ceará, centro de inteligência de dados da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O estudo, conduzido entre 3 e 13 de fevereiro de 2025, ouviu 76 empresas de diferentes portes e segmentos, com o objetivo de identificar o estágio de adoção das práticas circulares, seus benefícios e principais desafios.

Entre as ações já incorporadas pelas empresas, a reciclagem de produtos aparece como a prática mais disseminada, adotada por 41% dos empresários. Em seguida, estão o desenvolvimento de produtos mais duráveis (36%) e o uso de materiais reciclados ou recuperados nos processos produtivos (34%). Também ganham destaque iniciativas de logística reversa (32%) e critérios de circularidade nas compras (26%).

Apesar do avanço, quase metade das indústrias (49%) ainda não desenvolve produtos com foco em recuperação, o que indica que a economia circular, embora reconhecida como tendência global, ainda não se consolidou de forma homogênea entre os setores.

Imagem corporativa e inovação entre os principais ganhos

Os resultados mostram que as empresas percebem ganhos concretos na adoção de práticas circulares. A melhoria da imagem institucional foi o benefício mais mencionado, por 43% dos empresários, seguida da redução de custos operacionais (39%) e do estímulo à inovação em produtos e processos (37%). Parte dos entrevistados também relacionou a circularidade à abertura de novos mercados (33%) e ao fortalecimento da competitividade (24%).

Esses indicadores evidenciam que, para o empresariado cearense, os incentivos à circularidade estão mais associados a oportunidades de negócio do que a exigências regulatórias, apontando uma mudança cultural gradual na visão sobre sustentabilidade.

Barreiras culturais, tecnológicas e econômicas

O estudo também aponta os principais entraves à consolidação do modelo. Entre as barreiras culturais e educacionais, destaca-se a percepção negativa do consumidor sobre produtos reparados ou reprocessados (34%) e a falta de conhecimento sobre o tema (30%).

Nas barreiras tecnológicas, o maior desafio é a escassez de mão de obra qualificada (37%), seguida da falta de tecnologias economicamente viáveis e da baixa interação entre empresas e instituições científicas e tecnológicas (ICTs), ambas citadas por 30% dos entrevistados.

No campo econômico, as altas taxas de juros foram o principal obstáculo apontado (37%), seguidas da ausência de produtos e serviços viáveis (21%) e da burocracia nos processos de financiamento (21%). A percepção é de que a falta de instrumentos econômicos adequados ainda dificulta a adoção de soluções mais sustentáveis.

Normas e incentivos governamentais como fatores decisivos

Quando questionados sobre o papel das regulamentações, os industriais cearenses associaram as normas educacionais (43%) e tecnológicas (38%) ao impulso da economia circular. Em contraponto, as regras tributárias (50%) e econômicas (43%) foram vistas como barreiras à adoção do modelo.

Para fortalecer o avanço da circularidade, 57% dos empresários apontaram a simplificação das normas como medida prioritária. No campo econômico, as sugestões mais citadas incluem incentivos à infraestrutura de reciclagem e logística reversa (54%) e apoio financeiro a projetos de inovação (41%).

Caminhos para o futuro

Os resultados indicam que a economia circular vem se consolidando como uma pauta estratégica para a indústria cearense, não apenas pela relevância ambiental, mas também pelo potencial de gerar competitividade, reduzir custos e fomentar a inovação.

Contudo, a consolidação desse modelo depende da superação de desafios estruturais, como a qualificação profissional, a adaptação regulatória e o fortalecimento das parcerias entre empresas, governo e instituições de pesquisa.

Com iniciativas como esta sondagem, o Observatório da Indústria Ceará reforça seu papel de monitorar tendências e oferecer subsídios técnicos para decisões estratégicas, alinhando sustentabilidade e desenvolvimento econômico.

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