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Choques elétricos entre crianças aumentam no IJF

Foto: Reprodução

Cresce o número de crianças de 1 a 4 anos atendidas por choques elétricos no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Instituto Doutor José Frota (IJF). Segundo o chefe de enfermagem do setor, Carlos André, além das queimaduras por líquidos quentes, que seguem como causa predominante, há “um crescimento expressivo de choques elétricos, principalmente por contato com cabos expostos, fios desencapados e tomadas sem proteção”. A faixa etária infantil registrou 240 atendimentos entre janeiro e outubro deste ano.

No mesmo período, o IJF contabilizou 2.459 atendimentos por queimaduras. Os números mostram ainda que pessoas de 40 a 49 anos lideram o ranking, com 423 casos, seguidas pelos idosos a partir de 60 anos, que somam 396 ocorrências. O total representa diminuição de 38 registros em comparação aos 2.497 atendimentos realizados no mesmo intervalo de 2024. De acordo com a unidade hospitalar, o ambiente doméstico permanece como principal cenário dos acidentes envolvendo todos os grupos analisados.

Entre os idosos, Carlos André ressalta que as ocorrências também estão associadas a situações dentro de casa.

“A gente percebe muitos acidentes domésticos, principalmente na manipulação de alimentos quentes e também na manipulação de inflamáveis”, afirma. Ele destaca fatores adicionais que tornam esse público mais vulnerável: “às vezes por déficit de mobilidade que a idade traz consigo e também algumas doenças demenciais, como parkinson ou alzheimer”.

O CTQ do IJF é referência no Norte e Nordeste e dispõe de uma estrutura composta por centro cirúrgico, enfermarias, ambulatório e sala de balneoterapia, além de uma equipe multidisciplinar formada por clínicos, cirurgiões plásticos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, assistentes sociais e psicólogos.

Segundo Carlos André, o atendimento ao paciente queimado exige diversas especialidades. No centro cirúrgico, cirurgiões plásticos realizam desbridamentos, enxertos e cirurgias reparadoras. Enfermeiros especializados atuam na limpeza e no cuidado das feridas, enquanto psicólogos acompanham o paciente devido às consequências emocionais do trauma.

O serviço social atua na garantia de direitos e no suporte familiar. A nutrição é fundamental porque a queimadura consome muito do corpo humano e precisa da nutrição para cicatrização, e fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais trabalham na reabilitação motora e cognitiva.

Outros setores do hospital também participam do atendimento, como anestesiologistas, técnicos de enfermagem, enfermeiros especializados em terapia infusional e comissões de dor, desospitalização e cuidados paliativos. A estrutura funciona de maneira integrada para lidar com a complexidade dos casos.

Sobre os tipos de acidentes registrados neste ano, o chefe de enfermagem destaca que a primeira causa sempre são os líquidos quentes e isso é no Brasil. Ele cita ainda ocorrências relacionadas a acidentes de trânsito envolvendo motos e carros, explosões, queimaduras com gás butano e botijão de gás, incêndios em locais fechados, fogos de artifício e fogueiras no período junino, além do aumento dos choques elétricos.

Carlos André menciona também a elevação de queimaduras associadas à violência. A gente vem percebendo um aumento principalmente em violência contra a mulher, afirma, citando agressões com fogo, água quente, óleo fervente e até ácido, além de tentativas de feminicídio e de autoextermínio.

Durante o mês de novembro, a Sociedade Internacional para Queimaduras (ISBI) promove a Semana Mundial de Queimaduras, que reforça ações de conscientização e prevenção. As campanhas realizadas ao longo do ano pelo CTQ incluem materiais educativos e a divulgação de orientações sobre primeiros socorros e locais de atendimento especializado.

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