
Os impactos provocados pelas obras do Cinturão das Águas do Ceará (CAC) na região do Cariri serão debatidos em uma audiência pública marcada para esta sexta-feira (5), às 14h, no Salão de Atos da Universidade Regional do Cariri (URCA), em Crato. O encontro busca ouvir moradores afetados e avaliar as consequências ambientais e sociais do empreendimento, que avança há mais de uma década.
Moradores de comunidades próximas ao trecho em obras relatam que convivem diariamente com poeira, ruídos intensos, trepidações, circulação irregular de veículos pesados e incertezas sobre o processo de recuperação ambiental. Esses pontos estão previstos no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), mas, segundo os relatos, ainda não foram plenamente esclarecidos à população.
A audiência é organizada pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). A iniciativa pretende reunir órgãos públicos, especialistas e representantes das comunidades rurais para discutir medidas de mitigação e cobrar informações sobre o andamento das ações de reflorestamento e compensação ambiental.
Em setembro, em nota enviada à imprensa, a Secretaria de Recursos Hídricos informou que o plano de reflorestamento está em fase de elaboração e poderá incluir a destinação de áreas para plantio de espécies nativas ou a compra de créditos ambientais. Apesar disso, não há prazo definido para a conclusão dessa etapa, o que acentua a preocupação de quem vive nos arredores das frentes de serviço.
Comunidades como Baixio do Muquém e Baixio das Palmeiras relatam que os transtornos persistem, mesmo após reuniões com empresas responsáveis pela obra. Entre as queixas, estão o avanço do desmatamento, o acúmulo de poeira e o funcionamento de máquinas fora dos horários previamente combinados com os moradores.
A pauta não é nova. Desde o início das obras, várias reivindicações foram apresentadas em audiências públicas anteriores, realizadas em:
- Junho de 2015, na Câmara Municipal do Crato
- Abril de 2017, no Centro Cultural do Assentamento 10 de Abril
- Novembro de 2023, novamente na Câmara Municipal do Crato
Entre as demandas históricas, destacam-se a presença de equipe médica para atendimentos emergenciais, a restrição ao uso de explosivos e o controle rigoroso das operações que envolvem máquinas e veículos pesados.
A nova audiência ocorre em um momento em que moradores temem o agravamento dos efeitos socioambientais, especialmente pela longa duração da obra e pela ausência de prazos claros para as etapas de compensação ambiental.


