PUBLICIDADE

Mudança em regras para impeachment no STF gera reação no Congresso

A decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que mudou as regras para o pedido de impeachment de ministros da Corte, provocou nova crise entre o Judiciário e o Congresso. Nesta quinta-feira (04/12), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o conflito é resultado do atual cenário de polarização política no país.

Em participação em um painel sobre segurança jurídica promovido pelo portal Jota, Motta disse que a decisão do STF afeta a relação entre os Poderes. Segundo ele, quando há interferências desse tipo, a harmonia institucional é prejudicada. “Tudo isso vem a calhar na independência e harmonia dos Poderes”, opinou.

Mudança em regras para impeachment no STF gera reação no Congresso
Foto: Reprodução

Na tentativa de reduzir as tensões, o presidente da Câmara informou que conversou com o ministro Gilmar Mendes e com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). De acordo com Motta, uma solução de conciliação entre o Supremo e o Congresso é esperada ainda nesta semana.

“Eu acho que o Supremo, junto ao Senado, irá encontrar um caminho de conciliação. Com essa radicalização, se ela se dá de forma institucional, é sempre muito ruim. No final, não teremos vencedores: teremos uma condição de fragilidade institucional”, comentou.

Mudanças

A decisão que gerou a crise foi tomada na quarta-feira (03/12), em caráter liminar. Gilmar Mendes determinou que apenas a Procuradoria-Geral da República poderá apresentar pedidos de impeachment contra ministros do STF. Antes, qualquer cidadão tinha essa prerrogativa.

Mudança em regras para impeachment no STF gera reação no Congresso
Foto: Antônio Augusto/Secom/PGR

Outra mudança definida pela liminar trata do quórum para abertura do processo no Senado. A partir de agora, será necessário o apoio de dois terços dos senadores, totalizando 81 votos. Antes da decisão, bastava maioria simples. Também foram suspensas as regras que previam o afastamento automático do ministro e o corte de um terço do salário após o recebimento da denúncia.

Reações

Em resposta, Davi Alcolumbre disse, através de nota, que recebeu a decisão com preocupação. Para ele, alterações no rito do impeachment só podem ser feitas por meio de mudança na legislação, “sob pena de grave ofensa constitucional”.

A oposição também reagiu rapidamente à decisão e apresentou propostas para tentar anular os efeitos da liminar. Apesar de já estar em vigor, a medida ainda precisa ser confirmada pelo plenário do STF.

Mudança em regras para impeachment no STF gera reação no Congresso
Foto: Divulgação

Em meio ao impasse, aliados afirmaram que Hugo Motta cancelou, de forma excepcional, uma sessão da Câmara em protesto contra a decisão do Supremo. Ao mesmo tempo, o advogado-geral da União, Jorge Messias, pediu formalmente que Gilmar Mendes reconsidere o entendimento.

Sabatina de Jorge Messias

A sabatina de Jorge Messias no Senado, necessária para sua indicação ao STF, segue sem data definida após ser cancelada por Davi Alcolumbre. O presidente do Senado defendia a indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga aberta com a aposentadoria do ex-ministro Luís Roberto Barroso.

Mudança em regras para impeachment no STF gera reação no Congresso
Jorge Messias foi indicado pelo presidente Lula para ocupar vaga no STF. (Foto: Victor Piemonte/STF)

Além desse embate, o Congresso discute propostas para limitar o poder do Supremo. No mesmo dia da decisão de Gilmar Mendes, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou o texto final do Projeto de Lei nº 3.640/2023, que cria regras para decisões monocráticas no STF.

A proposta determina que decisões tomadas de forma individual por ministros da Corte deverão ser justificadas e analisadas posteriormente pelo plenário ou pelas turmas do tribunal. O texto também restringe quem pode propor ações de controle de constitucionalidade, permitindo apenas que partidos que superem a cláusula de barreira apresentem esse tipo de ação. O projeto segue agora para o Senado.

Acompanhe mais notícias da Rede ANC através do Instagram, Spotify ou da Rádio ANC.

WhatsApp
Facebook
Twitter
Telegram
Imprimir