Um novo panorama sobre como diferentes sociedades lidam com o próprio dinheiro foi apresentado na Pesquisa Global de Educação Financeira 2025, conduzida pelo Santander em parceria com o instituto Ipsos UK. O levantamento, que reuniu a opinião de cerca de 20 mil pessoas em dez países da Europa e das Américas, buscou identificar hábitos, percepções e lacunas no aprendizado financeiro. No Brasil, mais de dois mil entrevistados participaram.
Os dados mostram que 84% dos brasileiros afirmam monitorar os gastos mensais, índice superior à média mundial de 79%. Houve também um avanço na capacidade de planejamento, já que 47% dizem manter uma reserva suficiente para três meses de despesas.

Apesar disso, o estudo indica que a formação escolar ainda está distante da demanda. Globalmente, 84% dos participantes relatam que gostariam de ter recebido educação financeira na escola, mas não recordam ter tido esse conteúdo. No Brasil, o percentual chega a 91%. Mesmo assim, a disciplina figura entre as mais valorizadas pelos entrevistados, ocupando o segundo lugar entre as que deveriam integrar o currículo escolar, atrás apenas da Matemática.
O levantamento aponta ainda uma percepção elevada de autoconfiança na gestão de recursos. Cerca de 73% dos participantes dizem compreender bem temas financeiros, em linha com a média global de 72%. Porém, ao responderem duas questões básicas de economia, muitos revelaram dificuldades.
A primeira pergunta tratava da inflação. Quando questionados sobre o que ocorreria com os preços caso a taxa anual caísse pela metade, mas permanecesse acima de zero, 68% dos entrevistados erraram ao não identificar que os valores continuariam subindo, mas em ritmo menor. No Brasil, o índice de erro foi de 73%.
O segundo item avaliou o entendimento sobre juros. Ao serem perguntados quanto teriam após aplicar US$ 100 em uma conta com juros anuais de 2%, 48% das pessoas consultadas no mundo e 67% dos brasileiros não reconheceram que o montante final seria superior ao valor inicial.
Mesmo com baixa participação global em ações formais de educação financeira, o Brasil aparece acima da média: 27% dos entrevistados afirmam ter feito algum curso sobre o tema, frente a 20% no conjunto dos países. No mundo, 64% dos entrevistados afirmam que a formação ajuda a tomar decisões mais acertadas. No Brasil, o índice é de 66%.

A nível mundial, 59% dizem que melhora o gerenciamento de recursos e dívidas. Entre os brasileiros o percentual é de 57%. Outros 52% do total de entrevistados apontam a contribuição para estruturar um orçamento doméstico, índice que sobe para 61% no Brasil.
Quando questionados sobre os assuntos de maior interesse, os participantes priorizam investimentos (63%), poupança (61%) e impostos (51%). No Brasil, o padrão é semelhante, com destaque para investimentos e poupança (ambos com 67%) e orçamento doméstico (53%).
Confiança Digital
O estudo também revela o protagonismo brasileiro na digitalização financeira. O país é o único entre os analisados em que a confiança em ferramentas on-line para administrar recursos pessoais se iguala aos métodos tradicionais. Além disso, 59% dos brasileiros utilizam plataformas digitais semanalmente para acompanhar as finanças, enquanto apenas 13% nunca recorrem a esse tipo de ferramenta. O Pix segue como principal vetor dessa adesão, alcançando 87% da população.
Metodologia
A pesquisa foi conduzida pela Ipsos UK, a pedido do Santander, em dez países, por meio de entrevistas on-line realizadas entre 25 de abril e 21 de maio de 2025. As amostras foram representativas das populações nacionais e incluíram participantes de diferentes faixas etárias, de 16 a 75 anos, conforme o país. No total, cerca de 20 mil pessoas foram ouvidas em mercados da Europa e das Américas, incluindo 2.028 entrevistados no Brasil.
As amostras seguiram cotas de idade, gênero, região e situação profissional, com os resultados ponderados com base em dados oficiais para refletir com precisão o perfil adulto de cada país. Entre os mercados avaliados estão Reino Unido, Estados Unidos, Portugal, Chile, Argentina, Uruguai, México, Brasil, Espanha e Polônia.
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