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Uso de telas alcança 71% das crianças de 3 a 5 anos no Brasil, diz estudo

O estudo “Proteção à primeira infância entre telas e mídias digitais”, divulgado pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI), aponta que o acesso à internet entre crianças na primeira infância mais que dobrou no Brasil em menos de dez anos, passando de 11%, em 2015, para 23%, em 2024. A publicação foi feita na última terça-feira (17/12).

Os dados incluem 44% dos bebês de até dois anos que já têm contato com a internet, além de 71% das crianças entre três e cinco anos. O levantamento chama atenção para o avanço do uso de tecnologias digitais em idades cada vez mais precoces.

Uso de telas alcança 71% das crianças de 3 a 5 anos no Brasil, diz estudo
Foto: Reprodução

Nesse sentido, a Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda o uso de telas por crianças menores de dois anos. Para crianças entre dois e cinco anos, a orientação é que o tempo de exposição seja limitado a até uma hora diária, sempre com supervisão de um adulto responsável.

De acordo com a publicação, 69% das crianças de famílias de baixa renda são expostas a tempo excessivo de tela. Nesse cenário, os dispositivos digitais tendem a substituir atividades como o convívio familiar e as brincadeiras, atividades que contribuem para o desenvolvimento.

“O tempo excessivo de tela na primeira infância, especialmente entre crianças de famílias de baixa renda, revela um contexto de sobrecarga e falta de apoio às famílias. (…) A ciência é clara: sem interação humana, sem brincar e sem presença, as crianças perdem oportunidades essenciais para desenvolver linguagem, vínculos afetivos, regulação emocional e habilidades sociais”, explica Maria Beatriz Linhares, professora associada sênior da Universidade de São Paulo (ISP) e uma das coordenadoras da publicação.

Uso de telas alcança 71% das crianças de 3 a 5 anos no Brasil, diz estudo
Foto: Reprodução

Resultados semelhantes foram identificados na pesquisa “Panorama da Primeira Infância: O que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida”, da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. O estudo ouviu 822 cuidadores de crianças de zero a seis anos e mostrou que 78% das crianças de até três anos são expostas às telas diariamente, apesar do reconhecimento, por parte dos responsáveis, da necessidade de impor limites.

Danos

Informações reunidas pelo NCPI associam o uso intenso de mídias digitais a alterações na anatomia cerebral, com possíveis prejuízos ao processamento visual e a funções cognitivas. Entre elas, concentração, reconhecimento de letras, cognição social, linguagem, regulação das emoções e controle de impulsos.

Riscos adicionais são apontados em relação à exposição a conteúdos violentos. De acordo com o estudo, esse tipo de material pode reduzir a atividade de estruturas cerebrais responsáveis pela regulação do comportamento hostil e aumentar a ativação de áreas envolvidas em respostas agressivas. Por exemplo, videogames violentos e conteúdos semelhantes são associados a maior risco de comportamentos hostis, ansiedade, depressão, pesadelos e maior aceitação da violência como forma de resolução de conflitos.

Ações

Diante dos resultados, o NCPI defende a adoção de políticas públicas intersetoriais que envolvam saúde, educação, assistência social e proteção de direitos. Entre as recomendações estão campanhas de conscientização sobre o uso responsável das tecnologias, formação de profissionais, fiscalização da classificação indicativa e proteção contra conteúdos inadequados e publicidade abusiva.

Uso de telas alcança 71% das crianças de 3 a 5 anos no Brasil, diz estudo
Foto: Reprodução

O estudo também destaca a importância de pais e cuidadores serem exemplo no uso consciente de dispositivos digitais. Para isso, a orientação é estabelecer limites de tempo de acordo com a idade, evitar o uso de telas durante as refeições e antes de dormir, priorizar atividades presenciais, monitorar o conteúdo que está sendo consumido e utilizar materiais educativos, ter lugares livres de tela em casa.

A publicação reúne evidências de fontes nacionais e internacionais, como a pesquisa TIC Kids Online Brasil, diretrizes da Organização Mundial da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria. Estudos científicos revisados por pares sobre os efeitos da exposição às telas no desenvolvimento infantil também são parâmetros.

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