
Um estudo realizado pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) mostrou que a exposição das abelhas africanizadas aos inseticidas clorantraniliprole (utilizado contra insetos em frutas e hortaliças) e ciantraniliprole (empregado no controle biológico) diminui a sobrevivência e compromete a capacidade de voo.
De acordo com o pesquisador Ewerton Marinho da Costa à Agência Bori, a proposta do estudo foi atender a uma demanda crescente dos próprios agricultores.
“A principal motivação foi gerar informações para auxiliar na conservação das abelhas em áreas agrícolas. Essa é uma demanda dos produtores, que precisam de subsídios em relação aos efeitos de inseticidas sobre as abelhas para adoção de estratégias mitigadoras de risco”, explica o engenheiro-agrônomo.
O artigo “Survival and flight ability of Apis mellifera after exposure to anthranilic diamide insecticides”, publicado na última sexta-feira, 19, no Brazilian Journal of Biology, analisou a mortalidade e os impactos motores em abelhas expostas de duas formas: por pulverização direta e pela ingestão de dieta contaminada. As avaliações foram feitas em laboratório.
“Observamos que a exposição direta foi mais prejudicial às abelhas. Dentre os dois inseticidas, o ciantraniliprole causou os maiores percentuais de mortalidade”, afirma o professor.
Além da sobrevivência, a equipe analisou a capacidade de voo das abelhas, que também apresentou alterações, segundo a pesquisa.
“A capacidade de voo das abelhas foi afetada, mesmo que de maneira sutil, após a exposição direta às gotículas da pulverização com os inseticidas”, explica. A comparação foi feita com abelhas pulverizadas com água destilada.
Além desses resultados obtidos, o estudo surpreendeu ao indicar a baixa mortalidade registrada em ambos os modos de exposição quando comparados ao controle positivo.
“Os resultados serão utilizados para orientar produtores sobre formas de mitigação de riscos para abelhas em condições de campo, destacando os ingredientes ativos mais prejudiciais e aqueles que causam baixa ou praticamente nenhuma mortalidade”, diz.
Apesar dos avanços, o pesquisador ressalta que é necessário avaliar os inseticidas em condições reais de campo, levando em conta fatores ambientais como temperatura, vento e horário de aplicação.


