Criado pelo ator, dramaturgo e teatrólogo Marcelo Costa, o Troféu Carlos Câmara considerado a comenda mais importante do teatro cearense, chegou à sua 35ª edição na noite da última terça-feira (28.03), no palco principal do Theatro José de Alencar, instalado no histórico centro de Fortaleza.
A solenidade de entrega da comenda aberta pelo Grupo Base de Teatro de Cascavel (CE), recebeu calorosos aplausos da plateia pelo número encenado “Ser Artista: Uma Ode ao Teatro” com as participações de Bruno Monteiro, Léo Laxmy, Vitor Damasceno, Aldeilson Freitas, Leudo Duran, Marcília Lourenço e Elisângela Castro.
Produzido por Lucas Severiano e Ian Carneiro com apoio logístico de Roberto Holanda, o espetáculo chamou atenção de todos que compareceram ao evento tido como o mais esperado do ano pelos que militam no meio das artes cênicas na famosa Terra da Luz.
Conduzida pelo ator, diretor teatral e mestre de cerimônia, Bruno Pessoa, a programação contou ainda, com a indispensável assistência de palco da atriz Geovana Martan, que, na ocasião, auxiliou também, o idealizador do Troféu Carlos Câmara e, ainda, dos Destaques do Ano 2020, Destaques Capricórnio 20 Anos e Destaques “Os Grandes Colaboradores”.
“Entregamos hoje os Destaques do Ano de 2020, que deveriam ter sido entregues em 2021”, informou no decorrer de sua apresentação, Bruno Pessoa, acrescentando: “pouco a pouco iremos atualizando a entrega dos anos seguintes, devido ao adiamento por dois anos de nossa solenidade”.
O Troféu Carlos Câmara que é visto por muitos como o Oscar do Teatro do Ceará, foi entregue este ano por Nilde Ferreira e Fernanda Quinderé a dois grandes expoentes das artes cênicas do Estado: a atriz, professora, pesquisadora e gestora Rejane Reinaldo e ao advogado da União, jurista e professor Humberto Cunha.
E as demais premiações foram concedidas em seis blocos, divididos por 4 e, até mesmo, 5 pessoas em cada um, que contou com o privilégio de ter, nesta condução, nomes da classe artística a exemplo de Rogério Mesquita, Almeida Júnior e Marcelo Costa.
Visto pelos adidos culturais como historiador do teatro cearense, Marcelo justificou para o Portal “A Notícia do Ceará”, o porquê de ter nesta edição de 2023, Rejane e Humberto como homenageados: “Eles têm um trabalho consistente, eles trabalham em favor do teatro, eles não usam o teatro para aparecer”, afirmou.
Em 2024, os homenageados com o Troféu Carlos Câmara serão: os atores e diretores teatrais John White e Jean Nogueira (Região do Cariri), juntamente com os destaques dos anos de 2021, 2022 e 2023 que deverão ser anunciados em breve, por Marcelo Costa.
Quem foi Carlos Câmara?
Falecido em 11 de março de 1939, Carlos Torres Câmara era o nome do escritor de peças de teatro, advogado, jornalista e maçom, que deu nome ao troféu concedido à artistas cearenses há 35 anos. Ele teve grande destaque na dramaturgia cearense por ter criado o Grêmio Dramático Familiar em 1918 e produzido as peças mais populares nos teatros de Fortaleza, no início do século XX.
Eternizado em diversas homenagens é assim que está Carlos Câmara: no Teatro Carlos Câmara, como também, na rua que leva seu nome na capital cearense e, ainda, no troféu, que premia desde o inesquecível ano de 1987, as personalidades que contribuem para o engrandecimento das artes cênicas no Estado do Ceará.
*Os Homenageados com o Troféu Carlos Câmara 2020
>Rejane Reinaldo
Além de mãe, avó, admiradora da natureza e dos gatos, Rejane é doutora em artes cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde defendeu a tese “Pentesileia, Rainha das Amazonas. Travessias de uma Personagem”. O projeto de pesquisa Pentesileia foi ganhador do Prêmio Bolsa Pesquisa Funarte 2010 e, no mesmo ano, do Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do Ministério da Cultura/Funarte.
No campo do ensino e da pesquisa, Rejane Reinaldo chegou a ser professora da UECE, UNIFOR, FA7 e, também, na graduação e pós-graduação do INTA, entre os anos de 1994 e 2010. Já, na seara artística, atuou como atriz do teatro e do cinema, além de ter ocupado os cargos de locutora de rádio e, ainda, de produtora em jornal impresso e apresentadora de televisão e vídeo.
Rejane é, também, pesquisadora, gestora, produtora artística, curadora, parecerista, assessora e consultora. Ela também presta assessoria a municípios cearenses no campo cultural, projetos e gestão. Desde 1980, participa do Teatro da Boca Rica (antes denominado GRITA, GRAPO e CIA de Brincantes Teatro da Boca Rica) e de 2006 até hoje é presidente e representante legal da entidade, onde coordena a Escola Livre Teatro da Boca Rica.
E de 1984 a 2010 militou como gestora pública de cultura, do conselho da mulher, da Prefeitura de Fortaleza, e da Secretaria de Cultura de Sobral. Da primeira década do ano 2000 pra cá, Rejane Reinaldo coordena alguns projetos a exemplo de “Amazonas Brasil – O Vigor do Teatro”, “O Mistério do Mito”, “O Rigor da Ciência na Luta Contra o Câncer de Mama”, “O Que Pode a Arte”?, a BITCE (www.bitce.art) e o FIBCE (www.fibce.art).
De 1996 a 2013, Rejane compôs a coordenação geral e programação do FNT de Guaramiranga, onde criou juntamente com a jornalista Izabel Gurgel, o Encontro de Artistas Pesquisadores. Também, prestou consultoria à Escola Livre de Teatro do Maciço de Baturité (ÁGUA) com o seu projeto político pedagógico e ministrando aulas de história do teatro.
>Humberto Cunha
Quixadaense de nascimento, Humberto é bacharel em Direito pela Universidade de Fortaleza (Unifor), mestre em Direito pela UFC, doutor em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco e pós-doutor pela Universidade de Milão – Bicocca, na Itália, da qual é professor visitante desde o ano de 2022.
Além de professor titular do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional, Mestrado e Doutorado da Unifor, instituição na qual lidera o Grupo de Estudos e Pesquisas em Direitos Culturais, Cunha é, também, membro do Colegiado do Doutorado em Direito da Universidade de Sassari – Sardenha, na Itália, onde representa o segmento “Direito e Arte”.
Humberto Cunha é, ainda, advogado da União. No universo cultural, ele fez parte e dirigiu o Grupo de Teatro Mandacaru, na década de 80. Cunha também foi diretor de Ação Cultural na Secult/CE e ocupou cargo com status de Secretário da Cultura em Guaramiranga, onde foi construído em sua gestão, o Teatro Municipal Rachel de Queiroz, bem como idealizado o Festival Nordestino de Teatro (FNT), evento que já vai para a sua 29ª edição em 2023.
Em sua inserção internacional, Cunha faz desde 2012, o Encontro Internacional de Direitos Culturais, cuja edição do corrente ano será realizada na Argentina. Com profundo interesse pelo teatro grego, Humberto já fez diversos eventos na Unifor sobre as obras de Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes, sempre explorando os aspectos jurídicos e humanísticos que elas oferecem. Com a homenagem que recebeu, sente-se naturalizado no universo da arte que mais ama, o Teatro.
O que os homenageados de 2020 pensam sobre a premiação?
“O Troféu Carlos Câmara é o grande momento de congraçamento, de reunião. É o verdadeiro sentido do teatro. É o religare do teatro cearense. É onde a gente se encontra, troca ideias, ver o que as pessoas estão criando, produzindo, os espetáculos… Então é muito importante! E é muito interessante. E aqui não é uma coisa de concorrência, uma coisa competitiva! É uma reunião. E são muitos homenageados, então dá vez a todo mundo. É muito bacana. Vida longa! Foi o que mais desejou para o evento, Rejane Reinaldo.
Já, na visão de Humberto Cunha, o Troféu Carlos Câmara representa muito para ele. “Eu fico muito feliz, porque sou uma pessoa em termos de alma muito ligado ao teatro de várias formas. Na adolescência eu fiz teatro enquanto ator e diretor, e depois disso não larguei. Então, ter o reconhecimento da comunidade teatral para esse esforço e eu diria, para essa paixão que eu tenho para com o teatro é algo muito importante. E o teatro é efetivamente muito importante na minha vida, na minha formação e, na minha docência, enquanto professor de Direito e pesquisador da própria arte do teatro.
Sobre o Prêmio Carlos Câmara
O ator e diretor John White, produtor executivo da Mostra de Teatro do Estudante, que esteve presente na Solenidade de Entrega da Premiação, avaliou: “o Prêmio Carlos Câmara tem um sentido muito especial, por ser pioneiro nas artes cênicas do Ceará e certificar que os artistas homenageados são profissionais verdadeiramente envolvidos com o crescimento cultural do segmento no Estado.
O também professor de artes, revelou para o nosso portal: “o sonho de todo artista, em especial, aqueles que estudam e conhecem a história do teatro cearense é um dia conseguir a glória de ter um Carlos Câmara em casa”. John corre para realizar em outubro deste ano de 2023, as Bodas de Prata do Teatro do Estudante, outra grande idealização de Marcelo Costa.
*Destaques do Ano 2020
1.Jane Azeredo / 60 anos de teatro
2.Ricardo Guilherme / 50 anos de teatro
3.Sílvio Vieira / 20 anos de teatro
4.Grupo Bagaceira / 20 anos de atividades
5.Grupo Arte de Viver / 20 anos de atividades
6.George Marcondes FX / Maquilagem
7.Natália Falcão / Trajetória
8.Samanta Sanford / Teatro na Escola
9.Nonato Carvalho / Restaurações
*Destaques Especiais – Capricôrnio 20 Anos
1.Pedro Manoel / Prêmio de Consolação
2.Kátia Camila / Prêmio de Consolação
3.Deugiolino Lucas / Uma Visita de Cerimônia
4.Daniele Amaral / Nós as Testemunhas
5.Gorete Oliveira / Nós as Testemunhas
6.Isabelle de Morais / Os Piratas
7.Emídio Gazebo / Os Piratas
8.Fernanda Celi / Clássico Rei
9.Raquel Damali / Clássico Rei
10.Geovana Martan / Mãe
11.Jorge César / Mãe
- Pedro Ulisses / A Prima Donna
- Aluísio Vieira / A Prima Donna
*Destaques “Os Grandes Colaboradores”
1.Augusto Abreu
2.Aurora Miranda Leão
3.Isabelle de Morais
4.Márcia Abreu
5.Tom Dantas
6.Rogério Mesquita
7.Almeida Júnior
8.Antônio Marcelo
9.Quixadá Cavalcante
10.Cláudio Correia