Dirigido por Chris Sanders (Lilo & Stitch), Robô Selvagem é a história certeira para se assistir em família. Mas não se engane, vai além do que se espera nesse quesito, nessa história alguns poderão entender melhor o que é se tornar mãe e o sentimento de pertencimento.
Caindo por acidente em uma ilha apenas com vida animal, a robô operacional Roz começa uma busca para achar sua nova tarefa. Porém, quando menos espera, ela agora precisa ser a figura materna de um pequeno ganso. Nessa jornada, acompanhada pela raposa Travesso, a robô entende sentimentos e atitudes que nunca havia pensado.
Quem está preparada para ser mãe? A verdade é que ninguém, e essa história escrita pelo próprio diretor, ao lado de Peter Brown (Children Makes Terrible Pets), expõe como muitas mulheres, mesmo possuindo inúmeras competências, nunca estarão completamente preparadas para ser uma mãe. Roz é uma robô que pode fazer praticamente qualquer tipo de coisa, mas diante de um filho inesperado, percebe que não entende o quanto imaginava e que agora precisava aprender mais.
Não sou pai, muito menos mãe, mas praticamente todos falam que ter um filho lhe ocasiona mudanças que você nem imagina, e é justamente isso que ocorre com a protagonista. Tendo uma programação a seguir, a robô percebe que para ser o melhor para o pequeno ganso, precisa mudar o que antes era imutável. E o que não falta são mães que mudam totalmente seu estilo de vida para fazer o melhor pelos seus filhos.
Isso é só uma parte do que a narrativa consegue aproveitar, sendo tudo de maneira leve e inocente que um filme como esse precisa ser. Portanto, ele se torna mais um exemplo de animação que pode ser divertido para o público infantil, mas certeiro para os espectadores mais velhos.
Chorar nesse filme é quase inevitável, visto que tudo nele é muito identificável, da mãe por acidente que precisa se virar, ao filho que está crescendo e agora precisa sair do ninho.
Apesar da alegoria com robôs e animais, essa história é muito humana. Roz passa por mudanças não apenas com seu ganso, na companhia de Travesso e do restante dos animais da ilha, a robô entende o sentimento de pertencimento. E quem nunca sentiu o sentimento de comunidade após muito tempo de convivência em um local ou com outras pessoas. É isso que ocorre a protagonista, mesmo sendo presa em sua programação, ela passa por mudanças sentimentais inesperadas que nunca poderão ser desfeitas.
Outro charme do filme é que, apesar de ser infantil, ele não é inocente. Em certos momentos da narrativa ele expõe como não são todas as mães que conseguem proteger seus filhos, e que é inevitável que todas as mães vão partir um dia. Quando esse dia chegar não estaremos preparados, mas isso não significa que o amor some, ele sempre fica, em algum lugar, mas sempre fica.
Acompanhado de tudo isso, ainda há o bom trabalho da direção de arte, comandada por Raymond Zybach (Kung Fu Panda). O segmento é notável no filme, tanto pela arte usada em cada personagem quanto como ela funciona na animação, que além de fluida, é uma das mais bonitas da Dreamworks nos últimos anos.
A narrativa, apesar de ter um bom ritmo, por vários momentos parece que vai seguir um caminho, mas, na verdade, segue outro. Isso pode ser visto com maus olhos por alguns, talvez achando que certos pontos da história poderiam ser melhor aproveitados. Além disso, há vários momentos em que chegamos ao final da história, mas nem estávamos na metade do filme. Porém, como a vida materna, o final só chega na hora de partir.
Por fim, Robô Selvagem é tranquilamente um dos melhores projetos do ano. Isso devido a competência de sua equipe, que desde o início deixa claro o que deseja contar e que mensagem quer passar. Com isso estabelecido, deixa todos os pontos lapidados para entregar uma experiência certa para se assistir em família. Para que no final, quando os créditos estiverem subindo, dizer: “Te amo, mãe”.
Nota: 9/10
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