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Artigo – A Morte lhe Cai Bem

Na última quinta-feira, nos EUA, executaram Kenneth Eugene Smith, depois de uma longa batalha judicial. Ele foi considerado culpado por envolvimento no assassinato brutal de Elizabeth Dorlene Sennett, fato ocorrido em março de 1988, no condado de Colbert, estado do Alabama. O crime foi praticado a mando do marido, o pastor Charles Sennett, que receberia um seguro pela morte da esposa. Smith agiu ladeado por cúmplices, quando simularam uma invasão e roubo na residência do casal. O valor pago foi de mil dólares para cada assassino — o grupo era formado por três homens.

A execução por asfixia com gás nitrogênio ganhou destaque na imprensa, maiormente quando a ONU (Organização da Nações Unidas) questionou o método usado. A narrativa conquistou apoio de setores jornalísticos e entidades de direitos humanos. Jornais e programas televisivos criticaram a ação do Estado, aproveitando o momento para exaltarem a falta de humanidade. Foi uma verdadeira tortura, segundo os noticiários.

O pastor evangélico Jeff Hood, conselheiro espiritual de Kenneth Smith, atestou este sofrimento atroz. Hood concedeu várias entrevistas e disse que não feito justiça. Lendo seus comentários percebemos que se trata de um lunático que nada conhece sobre Medicina Legal. Querem transformar um sicário em vítima do sistema estatal. Ainda bem que a sentença foi devidamente executada, um malfeitor a menos.

Smith era um ser desprovido de piedade humana. Suas últimas palavras revelaram as distorções de sua mente assassina, quando disse o seguinte: “Esta noite o Alabama fez a humanidade andar um passo para trás”. Pediu clemência, falou de amor, paz e luz. Ele não pensou assim quando ceifou a vida da indefesa mulher, causando-lhe um sofrimento desnecessário. Impôs aos filhos da vítima uma dor que jamais passará. Como bem relembrou um deles, Charles Sennett Jr: “Bem, ele não perguntou à mamãe como sofrer. Eles simplesmente fizeram isso. Eles a esfaquearam várias vezes”.  A selvageria infligida a Elizabeth é imperdoável — morta com dez facadas desferidas no peito e no pescoço, além de ser ferida na cabeça com um atiçador de brasas usado em lareiras — atacada no regaço de seu lar por homens cruéis.

Dos quatro envolvidos no pacto diabólico, Smith foi o último a partir. O comparsa John Forrest Parker foi executado por injeção letal no ano de 2010. O outro companheiro, Billy Gray Williams, foi condenado à prisão perpétua – morreu atrás das grades em 2020. Charles Sennett partiu bem mais cedo. Suicidou-se pouco depois do assassinato de sua mulher. Um escroque que pregava na Igreja. Estamos diante de réus confessos, não restando a menor dúvida sobre suas responsabilidades penais.

Os apelos dos condenados do Alabama foram rejeitados nos tribunais e na Suprema Corte dos EUA. A governadora republicana, Kay Ivey, defendeu publicamente o procedimento capital, afirmando: “Smith respondeu pelos seus atos”. Outro filho de Elizabeth disse: “Nada do que aconteceu aqui hoje vai trazer minha mãe de volta. É um dia meio agridoce. Não vamos ficar pulando e comemorando, porque não somos assim. Mas estamos felizes que esse dia acabou“.

Enfim, a sociedade ficou livre de quatro homens desalmados que não mereciam viver entre nós. As faces foram reveladas, nada ficou secreto. Justiça foi feita, mesmo que tardia – quase 36 anos depois.

Walter Filho
Promotor de Justiça. Escritor.
Autor dos livros: O Caso Cesare Battisti e CINEMA – a Lâmina que corta

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