O Sindicato dos Médicos do Ceará tem recebido denúncias de profissionais da saúde sobre atrasos no pagamento de salários em diversos municípios cearenses. As pendências afetam médicos, profissionais terceirizados e cooperativas, comprometendo o funcionamento das unidades de saúde como UPAs, hospitais, maternidades e centros especializados. Além disso, também há relatos de atraso no pagamento da ajuda de custo dos médicos do programa Mais Médicos, responsabilidade dos municípios.
As cidades afetadas incluem Fortaleza, Caucaia, Acopiara, Altaneira, Capistrano, Cascavel, Icapuí, Iguatu, Pacatuba e Sobral. Em algumas dessas localidades, os pagamentos de outubro de 2024 ainda não foram efetuados. A totalidade da dívida não foi estimada pelo sindicato, já que as denúncias chegaram por grupos de médicos que não têm acesso a folha de pagamento completa. No entanto, segundo o presidente da entidade, Edmar Fernandes, o valor devido em Caucaia é estimado em cerca de R$ 9 milhões.
Em uma nota, a Prefeitura de Cascavel explicou que as dívidas herdadas da gestão anterior, relacionadas ao Instituto de Excelência em Saúde Pública (IESP), ultrapassam R$ 10 milhões, abrangendo os meses de junho a novembro de 2024. Essa organização social foi contratada para coordenar serviços de saúde, incluindo as Unidades Básicas de Saúde e a Unidade de Convivência do Autista. A gestão atual afirmou estar priorizando o pagamento dos servidores e a manutenção dos serviços essenciais.
Em Fortaleza, médicos das UPAs e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estão com os salários atrasados, além de um débito superior a R$ 1 milhão com a Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Ceará (Coopanest), que, caso não seja resolvido até 3 de fevereiro, poderá suspender a prestação de serviços.
A situação mais grave ocorre em Caucaia, onde o atraso nos pagamentos de profissionais das UPAs, do hospital Municipal Abelardo Gadelha da Rocha e do Hospital e Maternidade Santa Terezinha resultou na paralisação de atendimentos na UPA Jurema, que entrou em greve. Profissionais terceirizados também estão sem receber salários desde novembro de 2024. O Sindicato dos Médicos do Ceará aponta que, além de médicos, outros profissionais da saúde enfrentam a mesma situação, o que tem prejudicado a continuidade e qualidade dos atendimentos.
Em resposta a esses atrasos, o Sindicato tem cobrado medidas das prefeituras e alertado sobre os impactos nos serviços de saúde. De acordo com Fernandes, a rotatividade de médicos é uma das consequências dos constantes atrasos salariais, o que também contribui para a escassez de profissionais em algumas regiões.
Para monitorar a situação, o Sindicato criou o “Devedômetro”, uma ferramenta que aponta, mensalmente, as cidades com maior número de atrasos salariais. A entidade também aponta como um agravante a contratação de organizações sociais pelas prefeituras para gerir unidades de saúde, o que, segundo o presidente do Sindicato, dificulta o rastreamento de pagamentos e gera falta de transparência.
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