A partir deste mês, a Azul Linhas Aéreas vai reduzir voos partindo de seu hub em Recife para pelo menos cinco destinos do Nordeste: Natal, Fernando de Noronha, João Pessoa, Campina Grande e Aracaju. Essa movimentação vem logo após a empresa iniciar o processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, utilizando o Capítulo 11 da Lei de Falências americana.
Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a capital pernambucana terá uma redução de 138 voos em junho em relação a maio. Com isso, passará de 414 para 276 decolagens para os destinos citados.
A queda atinge especialmente rotas antes bem movimentadas. A média diária de voos entre Recife e Natal caiu de mais de três para apenas dois. Já João Pessoa passou de dois para um; Fernando de Noronha, de quatro para 2,6; Aracaju, de 2,5 para dois; e Campina Grande, de 1,8 para 1,5.

Nesse contexto, a queda representa 9.660 assentos a menos por mês. Consequentemente, os preços das passagens serão impactados, com tarifas que chegam até R$ 4 mil para um trecho entre Recife e Natal.
No primeiro trimestre de 2024, a Azul já havia reduzido suas operações em, pelo menos, cinco estados do Nordeste, também alegando falta de aeronaves. Agora, com a reestruturação judicial e o plano de reduzir sua frota em até 35%, a tendência é de mais cortes.
Entre maio e outubro de 2024 e 2025, a Azul já prevê queda média de 17% nas partidas em Recife, com redução de 5% na oferta de assentos. Fortaleza também verá a companhia operar com volumes historicamente baixos.
Em paralelo, a Azul tem recorrido a aeronaves de empresas estrangeiras, como a portuguesa Euroatlantic, para manter voos internacionais. Isso pode indicar a devolução de aviões widebody, mais caros de operar.
Corte de Frota e Dívida
Durante coletiva em 30 de maio, a empresa detalhou parte do plano para sair da crise. A frota atual de 180 aviões poderá ser reduzida em mais de 50 unidades. Algumas delas, inclusive, já inativas, como modelos Embraer 195 e cargueiros Boeing 737.
A Azul Conecta, subsidiária regional, também pode sofrer cortes em suas operações com aeronaves Cessna Caravan, o que acarretaria fechamento de mais bases em cidades menores. O impacto já se mostra em rotas como Campinas (SP) para Alta Floresta (MT) e Santa Maria (RS), que devem deixar de ser operadas após agosto.
Com essa reestruturação, a empresa espera eliminar cerca de US$ 2 bilhões em dívidas, reduzir US$ 1,6 bilhão em financiamentos e ainda captar até US$ 950 milhões em novos aportes. Apesar da crise, a Azul afirma que seguirá operando normalmente, mantendo pagamentos e benefícios dos funcionários.
“O processo de reestruturação financeira que implementaremos é uma ferramenta legal comumente usada nos Estados Unidos que permite às empresas operar e atender seus públicos de interesse normalmente, enquanto trabalham nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira”, diz um trecho da nota da empresa.
Acompanhe mais notícias da Rede ANC através do Instagram, Spotify ou da Rádio ANC.