A presença do Bolsa Família no Ceará segue maior que a do mercado formal de trabalho. Dados de agosto de 2024 revelam que 1.460.164 famílias cearenses são beneficiárias do programa federal, número que ultrapassa os 1.397.513 empregos formais registrados no estado, segundo o Caged. Com isso, o Ceará figura entre os 12 estados brasileiros onde os repasses do auxílio superam a força de trabalho formal contratada no setor privado.
Esse tipo de desequilíbrio, embora ainda presente, tem diminuído em nível nacional. No auge das medidas emergenciais, em 2022, eram 13 os estados com mais famílias no Bolsa Família do que trabalhadores com carteira assinada. O Rio Grande do Norte, por exemplo, saiu desse grupo após registrar um crescimento formal que superou o número de beneficiários.

Desde janeiro de 2023, o Brasil registrou a criação de cerca de 4 milhões de vagas com carteira assinada. Ao mesmo tempo, o Governo Federal promoveu uma atualização nos cadastros do programa, com o desligamento de aproximadamente 1,1 milhão de famílias com suspeitas de irregularidade. Apesar disso, o Bolsa Família segue atendendo 21,76 milhões de famílias, com um custo mensal superior a R$ 14 bilhões.
A proporção entre beneficiários e trabalhadores formais no país também caiu. Em janeiro de 2023, representava 49,6%, e, em agosto de 2024, esse índice já havia recuado para 42,6%. No Nordeste, além do Ceará, Maranhão, Bahia, Piauí, Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Sergipe também registram mais famílias assistidas pelo programa do que vínculos de trabalho formalizados.
Especialistas em políticas públicas apontam que o Bolsa Família exerce papel fundamental na mitigação da pobreza e na garantia da segurança alimentar, principalmente em regiões historicamente mais vulneráveis. No entanto, defendem que sua atuação precisa ser acompanhada de estratégias de médio e longo prazo para promover a geração de empregos e reduzir gradualmente a dependência do programa.
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