Em depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (05/06), Jair Bolsonaro (PL) revelou ter enviado R$ 2 milhões ao filho Eduardo Bolsonaro para que ele se mantenha nos Estados Unidos. O valor, segundo o ex-presidente, foi transferido via Pix e seria usado para despesas pessoais do deputado federal licenciado, que atualmente se dedica a denunciar supostos abusos cometidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A atuação de Eduardo no exterior se tornou alvo de investigação após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apontar que ele tem feito articulações junto ao governo norte-americano com o objetivo de impor sanções a autoridades brasileiras, incluindo o ministro Alexandre de Moraes. A PGR sustenta que essas movimentações tentam interferir nos processos que tramitam contra Jair Bolsonaro no STF, onde ele é réu por tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro, no entanto, nega qualquer envolvimento do filho nas possíveis sanções a Moraes e diz que as medidas cogitadas pelos EUA seriam uma reação a decisões anteriores do ministro. Entre elas, ordens de prisão contra cidadãos com dupla nacionalidade e restrições nas redes sociais.
Segundo Bolsonaro, as investigações contra ele e sua família são parte de uma perseguição judicial. O ex-gestor também disse que Eduardo atua na defesa de princípios como a liberdade de expressão e os direitos humanos.
Durante sua saída da sede da PF, Bolsonaro se desvinculou do caso da deputada Carla Zambelli (PL), que deixou o Brasil com o intuito de ir para a Europa. “Eu não tenho nada a ver com a Carla Zambelli, está certo? Não coloquei dinheiro no Pix dela”, comentou.
Investigação
Eduardo Bolsonaro é investigado por supostos crimes de coação, obstrução de investigação e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. A conexão financeira entre pai e filho foi um dos elementos que motivaram o depoimento do ex-presidente.
Pelo entendimento do ministro Moraes, Bolsonaro poderia estar sendo diretamente beneficiado pelas ações do filho no exterior. Segundo um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Bolsonaro movimentou R$ 17,1 milhões via Pix em 2023, em mais de 769 mil transações realizadas entre janeiro e julho daquele ano.
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