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Bolsonaro presta depoimento ao STF e nega plano de golpe: “Golpe é algo abominável”

Nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. Essa foi a primeira vez que Bolsonaro e Moraes ficaram frente a frente desde o início da investigação. A audiência foi transmitida ao vivo pela TV Justiça.

André Borges/EPA

Durante o depoimento, Bolsonaro pediu desculpas ao ministro por declarações feitas em 2022, nas quais insinuava, sem provas, que ministros do STF teriam recebido milhões de dólares de forma ilegal. Ele alegou que a fala foi um “desabafo” e que não tinha intenção de acusar os magistrados de corrupção.

“Não tenho indício nenhum, senhor ministro. Era uma reunião que não deveria ter sido gravada. Foi uma retórica. Me desculpe”, disse Bolsonaro.

As declarações de Bolsonaro na época foram feitas durante uma reunião ministerial, quando ele sugeriu que algo “estranho” estaria acontecendo na Justiça Eleitoral, insinuando corrupção, mas ao mesmo tempo afirmando que não possuía provas.

Ao longo do depoimento, o ex-presidente também negou qualquer envolvimento em tramas golpistas após a derrota nas urnas. Ele minimizou os atos de 8 de janeiro, quando milhares de apoiadores invadiram as sedes dos Três Poderes, chamando o episódio de “baderna” e “não um golpe”.

“Golpe é uma coisa abominável. Nunca cogitei isso com os comandantes militares. Se fosse para acontecer, o dia seguinte seria imprevisível e danoso para o país”, afirmou.

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Quando questionado sobre a chamada “minuta do golpe”, documento encontrado em investigação que previa medidas para anular o resultado da eleição, Bolsonaro admitiu que houve discussões com aliados buscando “alternativas dentro da Constituição”, mas negou ter alterado ou validado o texto.

O ex-presidente voltou a criticar o sistema eleitoral brasileiro, mas disse que suas falas sempre tiveram como objetivo “aprimorar” o processo, e não desacreditá-lo. Ele também tentou apresentar vídeos para embasar suas falas, mas Moraes proibiu a exibição de conteúdos que não fazem parte dos autos do processo.

“Joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Muitas vezes me exaltei, mas fiz o que achava certo”, disse Bolsonaro.

Além de Bolsonaro, outros aliados estão sendo ouvidos pelo STF como parte do mesmo inquérito. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa o grupo de formar um núcleo responsável por liderar a tentativa de ruptura institucional. Todos negam envolvimento e alegam perseguição política.

Bolsonaro diz que não incentivou atos golpistas: “Repudiamos aquela baderna”

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a negar, nesta terça-feira (10), qualquer envolvimento com os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Segundo ele, mesmo que existam apoiadores pedindo por intervenção militar ou retorno de medidas autoritárias, essas manifestações ocorrem sem seu aval. “Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar…”, disse o ex-presidente.

A declaração foi feita durante audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), em que Bolsonaro reafirmou que não estimulou a invasão às sedes dos Três Poderes. “Com todo respeito, doutor Paulo Gonet, não procede que eu colaborei com o 8 de janeiro. Não tem nada meu ali, estimulando aquela baderna que nós repudiamos”, afirmou, em referência ao procurador-geral da República.

Após a derrota nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), manifestações em diversas cidades do país reuniram apoiadores de Bolsonaro, alguns com faixas pedindo uma intervenção militar com o ex-presidente no poder. Bolsonaro alega que sempre rejeitou esse tipo de apelo e que as Forças Armadas jamais aceitariam algo do tipo. “Os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali”, completou.

Joedson Alves/Agencia Brasil

O AI-5 (Ato Institucional nº 5), frequentemente citado por extremistas em manifestações, foi editado durante a ditadura militar, em 1968, e ficou marcado como o mais duro instrumento de repressão política no período, suspendendo garantias constitucionais e institucionalizando a censura, a perseguição e o fechamento do Congresso.

A declaração de Bolsonaro faz parte de sua defesa no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe para impedir a posse de Lula. Ele nega qualquer trama nesse sentido e afirma ter respeitado os limites da Constituição.

Bolsonaro realiza brincadeira em depoimento e convida Alexandre de Moraes para ser seu vice em 2026

Durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro protagonizou um momento inusitado ao fazer uma brincadeira com o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2022.

Ao relatar como é recebido nas ruas, Bolsonaro perguntou a Moraes se ele gostaria de ver um vídeo com imagens do público o saudando. O ministro respondeu:
— “Eu declino.”

Na sequência, Bolsonaro questionou:
— “Posso fazer uma brincadeira?”
— “O senhor que sabe. Eu perguntaria aos seus advogados antes”, respondeu Moraes.
— “Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 26.”
— “Eu declino novamente.”

O momento arrancou risadas dos presentes, mesmo em meio a um julgamento sério. Bolsonaro é réu e foi apontado pela PGR como uma das figuras centrais da articulação para romper a ordem democrática. Ele já está inelegível até 2030, por decisão do TSE.

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