A Notícia do Ceará
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Brasil é um dos países mais afetados emocionalmente após a pandemia

Segundo relatório do Global Mind Project, a população mundial ainda está se recuperando das consequências da pandemia de Covid-19 na saúde emocional, sendo o Brasil uma das nações mais afetadas.

A pesquisa foi elaborada através de entrevistas com 420 mil pessoas, acontecendo em 71 países e em 13 idiomas, no qual focou na saúde mental de cada indivíduo para avaliar as capacidades cognitivas e emocionais para lidar com o estresse e funcionar de forma produtiva. Porém, os realizadores do relatório salientam que os índices contatados não sinônimos para felicidade ou satisfação, visto que alguém pode estar tendo um momento difícil ou triste, mas ainda consegue lidar com tal.

O relatório revela que a pontuação média de todos os países mostra que o bem-estar mental permaneceu nos mesmos níveis do período pandêmico, onde  República Dominicana, Sri Lanka e Tanzânia possuem o melhor escore. Dos 420 mil entrevistados, 38% se sentem “melhorando” e 27% estão “angustiados” e “se debatendo”, no qual aqueles com menos de 35 anos são os mais afetados.

Ao lado da África do Sul e do Reino Unido, o Brasil ocupa a última posição no ranking de pessoas saúde mental após a pandemia do Covid-19, no qual tem a maior proporção, com 34%, de pessoas classificadas como “angustiadas”.

O psiquiatra Elton Kanomata afirma que o período pandêmico ocasionou um impacto considerável na saúde mental devido a uma série de fatores estressantes, como isolamento social, preocupações com a saúde, incertezas econômicas e perda de entes queridos. “O Brasil foi afetado de forma significativa, com altas taxas de infecção, mortalidade e abalo econômico. O impacto prolongado da pandemia pode ter contribuído para o quadro de estresse crônico e ansiedade, comprometendo a saúde mental da população”, disse o profissional.

O estudo ainda revela que os índices de saúde mental se manterem baixos podem ser indicativos das novas dinâmicas ocasionadas pela pandemia, como é o caso de novos estilos de vida, hiperconectividade e trabalho remoto. Isso pode estar fazendo com que muitas pessoas tenham dificuldade em voltar níveis anteriores de bem-estar emocional.

Kanomata esclarece que, mesmo com o remoto oferecendo flexibilidade e conveniência, ele pode fazer com que muitas pessoas misturem a vida pessoal e com a profissional, gerando dificuldade de desconectar chegando aos limites ditos como saudáveis. “Tem sido muito comum relatos de maiores jornadas de trabalho e utilização de menos tempo para intervalos para o almoço ou o café, por exemplo, quando comparados ao período pré-pandêmico. Além disso, a falta de interação social no local de trabalho pode levar à solidão e ao isolamento, afetando negativamente a saúde mental”, complementa o psiquiatra.

O levantamento do Global Mind Project ainda revela que algumas razões para estes baixos índices envolvendo saúde mental é ganhar o primeiro smartphone precocemente, comer com frequência alimentos ultraprocessados e a falta de relações familiares e amizades estão associados à piora na saúde mental.

Kanomata explica que, principalmente pessoas mais jovens, usar de maneira excessiva smartphones pode ter uma ligação com roblemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e solidão. “O acesso constante à tecnologia pode levar a dependência digital, pior qualidade do sono e diminuição do contato direto e interação com as outras pessoas, o que pode afetar negativamente o bem-estar emocional”, comentou Elton.

Já os alimentos ultraprocessados, na sua grande maioria são ricos em gorduras saturadas, açúcares refinados e aditivos, no qual, segundo muitos estudos, a qualidade da dieta pode afetar a saúde mental. O próprio relatório expõe que mais da da metade dos que comem ultraprocessados diariamente está na categoria “angustiados” ou “se debatendo”, diferente dos 18% daqueles que dificilmente comem esse tipo de alimento.

Enquanto as relações sociais e familiares, elas possuem uma função importante na condição da saúde mental da população. Kanomata esclarece que um ambiente familiar positivo, tendo o apoio emocional, comunicação aberta e relações saudáveis, ocasiona em um bem-estar emocional e colabora em proteger contra problemas de saúde mental. “Por outro lado, conflitos familiares, falta de apoio e disfunção familiar podem aumentar o risco de desenvolver problemas de saúde mental”, destaca o profissional.

Por fim, o mesmo lembra que é importante reconhecer esses desafios e implementar planos eficazes de autocuidado, fora um suporte emocional para lidar com os problemas envolvendo a saúde mental.

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