Entre 2022 e 2023, o desmatamento no Ceará deu um salto de 28%, de acordo com os dados mais recentes do MapBiomas. O crescimento da devastação coloca em risco o bioma da Caatinga e levanta preocupações sobre a aceleração da desertificação em regiões do semiárido cearense.
O tema foi pauta central de uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), que reuniu especialistas, ambientalistas e parlamentares para discutir estratégias de contenção do problema. O evento foi promovido pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido e teve como foco os impactos da ação humana sobre o ecossistema local.
Durante o encontro, o deputado Renato Roseno (Psol) questionou o modelo atual de desenvolvimento adotado no estado. Segundo ele, a expansão de projetos de infraestrutura energética tem sido uma das principais causas do desmate, que atinge cerca de 126 mil hectares. “Isso mostra que o desenvolvimento precisa ser revisto sob a ótica ambiental”, pontuou o parlamentar.

O presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, também participou do debate e apresentou alguns dados. Hoje, 11,5% do território cearense já apresenta sinais de desertificação. O gestor atribuiu esse processo à combinação entre práticas humanas predatórias e os efeitos das mudanças climáticas.
Como medidas de enfrentamento, os especialistas defenderam a necessidade de fortalecer políticas públicas voltadas à preservação ambiental. Entre as propostas estão o reforço nas equipes técnicas dos municípios, o uso mais eficiente dos recursos naturais e a atualização da legislação ambiental.
Representando a Associação Caatinga, Daniel Fernandes Costa solicitou ações mais concretas por parte do poder público, como a criação de novas áreas de conservação e a instalação de um batalhão de polícia ambiental em Crateús. O município lidera o ranking de desmatamento no Ceará. Ele também destacou a importância da Lei nº 18.427/23, que trata do pagamento por serviços ambientais, mas que, segundo ele, ainda é pouco aplicada na prática.
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