O Brasil participa, até 10 de dezembro, da campanha internacional 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres. A mobilização busca fortalecer mecanismos de proteção e ampliar o acesso das vítimas a serviços essenciais, em meio a episódios recentes de grande repercussão envolvendo violência doméstica e feminicídios.
Nos últimos dias, crimes graves chamaram atenção em diferentes estados. No Recife, uma mulher e quatro filhos morreram carbonizados após o companheiro incendiar a casa da família. Em São Paulo, uma jovem de 31 anos foi atropelada e arrastada por um quilômetro pelo ex-namorado, resultando em amputações. Ainda na capital paulista, uma trabalhadora foi baleada cinco vezes pelo ex-parceiro. No Ceará, uma jovem de 24 anos foi assassinada horas depois de relatar em uma rede social que havia superado um relacionamento abusivo.
Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública apontam aumento de 26 por cento nas tentativas de feminicídio em 2024. Entre janeiro e setembro de 2025, mais de 2,7 mil mulheres sobreviveram a ataques motivados por gênero, enquanto 1.075 foram mortas no período.
A Lei Maria da Penha, em vigor há 19 anos, é considerada um marco de proteção, mas especialistas alertam que o enfrentamento à violência exige mudança cultural e políticas permanentes. Para a defensora pública Jeritza Braga, supervisora do Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, o país precisa romper a tolerância social à violência e fortalecer as redes de acolhimento.
No Ceará, a Defensoria Pública atua na Casa da Mulher Brasileira, em Fortaleza, e em unidades especializadas no Crato, em Juazeiro do Norte, Quixadá e Sobral. De janeiro a outubro deste ano, esses equipamentos registraram 14.066 atendimentos a mulheres em situação de violência, sendo mais de 1.600 apenas em outubro.
Após casos de feminicídio, famílias enfrentam rupturas afetivas e mudanças profundas na rotina. A Rede Acolhe, projeto da Defensoria Pública, oferece suporte jurídico, social e psicossocial a crianças e familiares. O atendimento envolve atualização cadastral, acesso a benefícios sociais, acompanhamento na Atenção Primária à Saúde e atendimento no CAPS Infantil.
O defensor público Muniz Freire ressalta que o impacto do feminicídio se estende por gerações e que o apoio contínuo é essencial para que as famílias consigam reconstruir suas vidas.
Em Fortaleza, o atendimento especializado do Nudem funciona dentro da Casa da Mulher Brasileira. Entre as demandas mais frequentes estão pensão alimentícia, guarda de filhos, divórcio, queixa-crime, medidas protetivas e processos relacionados à união estável.
Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher – Nudem
Horário de funcionamento: de 8h às 12h e de 13h às 17h
Endereço: R. Tabuleiro do Norte, s/n, Couto Fernandes (Casa da Mulher Brasileira) – 60442-040 – Fortaleza
Telefone(s): (85) 3499-7986 / (85) 9.8976-5882 (somente para ligações)
Rede Acolhe
Endereço: Av. Desembargador Moreira,2930 – 3º andar -Prédio da Procuradoria da Mulher – – Fortaleza. Telefone(s): (85) 3191.5058 – (85) 98895-5723 (ligação e WhatsApp) O atendimento é de segunda a sexta, das 8h às 17h.


