Durante o ano de 2024, o Ceará registrou quase 82 mil focos de calor, dos quais 11.161 ocorreram na Área Integrada de Segurança (AIS) 19, que engloba municípios da região do Cariri. A AIS 19 ocupa o terceiro lugar no estado com maior número de queimadas e incêndios. Acopiara, Araripe e Mauriti lideram entre os municípios caririenses com mais registros, somando, respectivamente, 1.658, 1.193 e 1.130 ocorrências.
Os dados fazem parte do Anuário de Focos de Calor elaborado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), que reúne estatísticas sobre a incidência de queimadas em todo o estado.
No relatório, a Unidade de Conservação (UC) da Chapada do Araripe aparece como a quarta UC Federal no Ceará com o maior número de focos registrados em 2024, com 3.632 ocorrências. O número é considerado alarmante por especialistas. Para Carlos Augusto, chefe da unidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Araripe, o cenário demonstra o avanço das pressões sobre áreas naturais, especialmente em zonas de transição entre áreas de preservação integral, como a Floresta Nacional do Araripe, e áreas de uso controlado, como a Área de Proteção Ambiental (APA) da Chapada.
Segundo Carlos, a principal origem dos focos ainda é a ação humana, por meio do uso do fogo na limpeza de terrenos, em práticas agrícolas e na renovação de pastagens. Ele ressalta que o levantamento mostra uma concentração maior de ocorrências entre os meses de setembro e dezembro, quando a vegetação seca favorece a propagação das chamas.
A intensificação desses eventos coloca em risco não apenas a biodiversidade local, mas também a qualidade do ar e a segurança das comunidades que vivem próximas às áreas afetadas. O cenário reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à prevenção e à educação ambiental.