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Casos de infecção ocular alertam para saneamento no Ceará

O Tracoma é uma inflamação ocular provocada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Embora seus sintomas, como vermelhidão, dor nos olhos e lacrimejamento, possam ser confundidos com uma conjuntivite comum, o Tracoma pode levar à cegueira quando não tratado adequadamente. Essa ameaça afeta majoritariamente crianças no Ceará, onde cerca de 1.200 casos são registrados anualmente.

Entre janeiro e agosto deste ano, 758 novos casos foram identificados em 73 municípios do estado. Em 2023, o número total chegou a 1.523 diagnósticos, uma alta em relação a 2022, que somou 1.426 registros, conforme o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) vem monitorando a doença em 97 municípios prioritários. Em um boletim recente, a análise epidemiológica de 2019 a 2024 destacou que, durante a pandemia, a interrupção de atividades de vigilância e o fechamento das escolas levaram à redução de diagnósticos. Desde então, as ações foram retomadas.

A assessora técnica responsável pela vigilância do Tracoma, Vívian Gomes explica que equipes visitam escolas para examinar crianças entre 1 e 9 anos, faixa etária que concentra 90% dos casos. Após a detecção, a unidade básica de saúde notifica os pais para iniciar o tratamento com azitromicina, antibiótico usado para interromper a progressão da doença e evitar complicações graves.

Casos de infecção ocular alertam para saneamento no Ceará
Foto: Depositphotos

Quem são os mais afetados?

A faixa etária mais atingida é de 5 a 9 anos, representando 60% dos casos, seguida por adolescentes entre 10 e 14 anos, com 15,6%. Adultos e idosos são menos acometidos, somando apenas 2,1% dos registros. Do total dos casos, 46,1% dos infectados vivem em áreas urbanas.

Segundo o Ministério da Saúde, a doença continua associada à pobreza e à falta de saneamento básico. Condições precárias favorecem infecções repetidas, que podem causar cicatrizes na conjuntiva e alterações graves na córnea, levando à cegueira.

Como ocorre a transmissão?

O Tracoma é transmitido por contato direto com secreções dos olhos ou nariz de pessoas infectadas, ou indiretamente por objetos contaminados, como toalhas e fronhas. Além disso, moscas podem disseminar a bactéria de forma mecânica. A transmissão ocorre apenas na presença de lesões ativas.

No Ceará, profissionais de saúde avaliam suspeitas de Tracoma em pacientes com histórico de conjuntivite prolongada ou sintomas como prurido, ardor e fotofobia, principalmente em crianças até 9 anos. O diagnóstico é confirmado por exame ocular, onde folículos característicos da infecção são observados.

Tratamento e Controle

O tratamento é realizado com antibióticos de dose única, disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Além de curar a infecção, o medicamento reduz as chances de reinfecção e previne complicações mais graves.

Em áreas de alta incidência, estratégias de controle incluem a administração de antibióticos em massa para limitar a circulação da bactéria na comunidade. Segundo Vívian Gomes, o acesso precário à água é um dos maiores desafios para o controle da doença.

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