Com os reservatórios marcando pouco menos da metade de sua capacidade, o Ceará chega a setembro com 9 bilhões de metros cúbicos de água armazenada. Embora o volume represente 49,07% do total possível, ele é inferior ao registrado no mesmo período de 2024, quando alcançava 52,43%.
Um levantamento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) mostra que a diminuição afetou oito das 12 bacias do Estado. Apenas Alto Jaguaribe, Litoral, Curu e Serra da Ibiapaba registraram acréscimos no período. Entre os açudes mais relevantes, Castanhão opera com 26,55% da capacidade, Banabuiú com 34,4% e Orós com 85%, este último tendo inclusive sangrado na última quadra chuvosa.
De acordo com Rodrigo Cavalcante, assistente da diretoria de operações da Cogerh, as diferenças entre as regiões refletem fatores como localização geográfica e padrões de precipitação. Enquanto áreas do norte apresentam maior acúmulo de água, o sul depende de chuvas mais intensas, que nem sempre ocorrem de forma consistente.

Rodrigo garante que os volumes atuais ainda permitem atender à demanda do interior e realizar transferências para a Região Metropolitana de Fortaleza, se necessário, situação que será reavaliada no início de 2026.
A menor retenção se explica pelo padrão da última quadra chuvosa, que registrou 517,9 mm entre fevereiro e maio. O número ficou abaixo dos 760 mm alcançados no mesmo período de 2024, melhor marca desde 2009. Ainda assim, a água permanece concentrada nos principais reservatórios, que juntos respondem por 43% do total armazenado no Estado.
Atualmente, 33 açudes seguem com mais de 90% de sua capacidade, com destaque para o Germinal, um dos menores, que ainda sangra. O período de menor registro de chuvas, característico do segundo semestre, tem gerado dificuldades para abastecimento em municípios do interior.
Emergência
Hoje, 40 cidades cearenses estão em situação de emergência reconhecida pelo Governo Federal: 33 por estiagem e sete por seca. O acompanhamento das localidades afetadas é coordenado pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), em conjunto com a Defesa Civil estadual (Cedec) e municipal e o Comitê de Gestão dos Recursos Hídricos.
“Isso nos dá um panorama de como se encontra a situação hídrica do Estado e nos orienta de que forma que a gente pode traçar tanto o desenvolvimento de medidas estruturais, como perfuração de poços e construção de canais, adutoras”, comentou o major André Souza, coordenador adjunto da Cedec.
Enquanto as soluções estruturais são implementadas, a assistência imediata chega às comunidades mais afastadas por meio da distribuição de cestas básicas e da operação Carro-Pipa. Até o momento, mais de quatro mil cestas básicas foram entregues em 30 municípios e os Carros-Pipa atendem cerca de 40 localidades, conforme a necessidade.
Municípios com Seca
Arneiroz | Piquet Carneiro | Senador Pompeu |
Ibicuitinga | Quiterianópolis | |
Jaguaribe | Saboeiro |
Municípios com Estiagem
Aiuaba | Independência | Parambu |
Acopiara | Iracema | Paramoti |
Alto Santo | Itapajé | Pedra Branca |
Araripe | Itatira | Potiretama |
Boa Viagem | Jaguaretama | Potengi |
Campos Sales | Jaguaribara | Quixadá |
Canindé | Madalena | Quixeramobim |
Catunda | Milhã | Salitre |
Caucaia | Mombaça | Solonópole |
Choró | Monsenhor Tabosa | Tabuleiro do Norte |
Dep. Irapuan Pinheiro | Morada Nova | Tauá |
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