Na tarde desta quinta-feira (1/7), os deputados estaduais do Ceará aprovaram a criação do Programa Ceará Educa Mais, que se apresenta como projeto para ações educativas. No entanto, grupos católicos, com apoio de evangélicos, se movimentaram a fim de pressionar os deputados para não aprovarem o texto original, que continha termos reconhecidamente ideológicos, a exemplo de “gênero” e “sexualidade”, que foram retirados. Além disso, foi incluído no texto um parágrafo que diz que “a escola não terá interferência sobre a sexualidade de seus alunos”.

Também no texto ficou definido que “haverá ações para suprimir injustiças, omissões, sofrimentos, preconceitos, violências e bullying para com mulheres, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais, assexuais, obesos, negros, indígenas, religiosos, quilombolas e ciganos”.
Apesar de considerar uma vitória, membros dos grupos católicos lamentam a inclusão de termos igualmente ideológicos, tais como as diversas denominações para homossexuais.
“A inclusão de queer, dentre outros, por exemplo, dá munição de fogo para outros ataques no futuro pelos promotores da ideologia de gênero. Nesta votação, uma vitória, mas a guerra continua pela preservação da inocência de nossas crianças”, destaca a enfermeira Dina Emanuela, do Instituto Sedes Sapientiae.
Já a deputada Dra. Silvana Oliveira comemorou o resultado. “Tivemos um dia inteiro de combate. É preciso esclarecer que as palavras ‘gênero’ e ‘sexualidade’ dentro de uma mensagem de governo causa inquietação no mundo cristão. O gênero é uma construção social. Esse é o grande sonho da esquerda, que é implantar de uma vez por todas gênero e sexualidade dentro das escolas”, afirmou.
A deputada destaca ainda a importância em promover o combate a todo tipo de preconceito. “A escola estará para combater todo tipo de preconceito contra o gay, a lésbica, contra o negro, contra o preconceito religioso. A igreja não prega você hostilizar e negar a liberdade de escolha de qualquer pessoa. Não queremos que ninguém seja hostilizado”, ressaltou Dra. Silvana.
Dra. Silvana salientou o quanto o grupo de católicos rezando foi fundamental para a mudança no texto original. “Eu sou evangélica, mas lá fora existe um grupo de irmãos católicos rezando, eles foram tremendamente como uma pedrinha da vitória, pedrinha de Davi. E isso foi importante porque causa um susto e chama a atenção da Casa como um todo. As pessoas passaram a gravar vídeos, a pressionar o seu deputado, não teve um deputado que não recebesse uma pressão da sua base e isso foi fundamental”, explicou.
Para a deputada, a principal vitória na votação foi a retirada da sigla LGBTQIA+. “Uma coisa é o gay, a lésbica, o trans, outra coisa é o movimento. Eles não representam todas as pessoas. Nós quisemos tirar LGBTQIA+ porque é um movimento que vitupera a fé, símbolos sagrados, a bíblia sagrada. O cristianismo cansou de ser agredido por esse movimento. Foi uma grande vitória para nós”, destacou Dra. Silvana.
No acordo entre os deputados estaduais, ficou decidida a inclusão de uma emenda coletiva que modificou a matéria. Apenas o deputado estadual do Psol, Renato Roseno votou contra a emenda.
Também o deputado Apóstolo Luis Henrique apontou a perigo em relação ao texto original. “Esse inciso 12, quando é falado a questão do gênero e da sexualidade, aí tem a abertura para que se possa ter os professores no colégio ensinando a ideologia de gênero”, explicou.
Embora vereador de Fortaleza, Jorge Pinheiro, tradicional combatente pela causa pró-vida e contra as questões da ideologia de gênero, esteve presente na Assembleia Legislativa, onde também conversou com os deputados, explicando o perigo que o texto traria às crianças e aos pais. “Eu não posso votar, claro, mas posso conversar, alertar os deputados, eu defendo a mesma causa, e estarei sempre nessa batalha para cuidar da vida”, reafirmou.
Uma das católicas presentes na Assembleia Legislativa, a turismóloga Ingrid Moraes ressaltou a importância da pressão perante os parlamentares. “Esse projeto passa contra a vontade pública. Em vários momentos, em Fortaleza e no Ceará, a ideologia de gênero foi rejeitada. Como cidadã, estou para me posicionar contra o perigo que abre margem para a questão da ideologia. Nós, o povo cearense, não fomos ouvidos. Por que não fomos ouvidos? Numa calada da noite, numa surdina, de um dia para o outro, um projeto que foi posto na semana passada, eles colocam os ‘jabutis’ para falar de liberdade, de emancipação. Eu como pai, como mãe, não posso me manifestar contra?”, ressaltou.
A proposta segue agora à sanção do governador do Ceará, o petista Camilo Santana.