Um estudo recente do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) destaca o Ceará como um dos estados que mais avançou na redução da distorção idade-série, alcançando a segunda menor taxa do Brasil no ensino fundamental, com 6,5% em 2023. A pesquisa, baseada no Censo Escolar 2023 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostra que a maior parte dos alunos com atraso escolar está concentrada na região Nordeste, onde um em cada três estudantes enfrenta essa situação.
A distorção idade-série traz consequências negativas, como o aumento da evasão escolar e níveis de aprendizagem reduzidos. Em comparação, a média da distorção no Sudeste foi de 9,1% no ensino fundamental e 16,9% no ensino médio em 2023. No ano anterior, as taxas no Ceará eram de 6,5% e 15,2%, respectivamente. Para entender a eficácia das políticas públicas implementadas, os autores do estudo, incluindo Alesandra Benevides, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), analisaram a evolução das taxas entre 2007 e 2023.
Segundo Alesandra, o Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic), instituído em 2008, ajudou a garantir que os alunos se alfabetizassem na idade correta, promovendo seu avanço nas etapas escolares subsequentes. Além disso, o estudo questionou se a redução das taxas poderia ser atribuída ao abandono escolar, mas não encontrou evidências que sustentassem essa hipótese. Embora parte dos alunos em atraso tenha migrado para o Ensino de Jovens e Adultos (EJA), essa movimentação não é suficiente para explicar a significativa diminuição na distorção.
No Brasil, a taxa média de distorção no ensino fundamental nos últimos 14 anos foi de 21,5%, com os maiores índices registrados nas regiões Norte (30%) e Nordeste (29,3%). Em contrapartida, o Sudeste apresentou a melhor média no período, com 14,6%, seguido pelo Sul (16,9%).
Dentro do Nordeste, o Ceará se destaca novamente com a menor taxa média, de 19,8%, enquanto o Maranhão segue com 26,2%. Sergipe e Bahia, por sua vez, enfrentam taxas de 36,4% e 34,7%, respectivamente. A pesquisa ressalta que o Ceará conseguiu reduzir sua taxa de distorção em 35,7 pontos percentuais, superando a média do Sudeste.
Por fim, os dados de 2023 revelam disparidades raciais no desempenho escolar. A taxa de distorção idade-série dos estudantes pretos e pardos nos anos finais do ensino fundamental é de 20,9%, quase o dobro da taxa para alunos brancos, que é de 10,8%.
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