Na última terça-feira (10), o Ceará se tornou pioneiro ao inaugurar a primeira escola profissionalizante de tempo integral dentro de uma unidade prisional no Brasil. A Escola Estadual de Educação Profissional para Pessoas Privadas de Liberdade de Itaitinga é fruto de uma parceria entre a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e o Governo do Estado, através da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) e da Secretaria Estadual de Educação (SEDUC).
A escola está localizada na Unidade Prisional de Ensino, Capacitação e Trabalho (UPECT), na Região Metropolitana de Fortaleza, e representa um marco na educação e ressocialização de internos no sistema prisional. O Diretor Regional do SENAI Ceará e Superintendente do SESI Ceará, Paulo André Holanda, destacou a relevância da iniciativa para a redução da criminalidade, ao oferecer capacitação profissional que prepara os internos para o mercado de trabalho. “É a primeira escola do país dentro de uma unidade prisional, e será um exemplo para outras regiões do Brasil”, afirmou.
A obra envolveu cerca de 2.300 internos que participaram da construção da unidade, por meio de cursos profissionalizantes oferecidos pelo SENAI em áreas como pedreiro, pintor, eletricista, entre outros. Mais de 30 profissionais do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial supervisionaram as atividades, que resultaram em uma estrutura de 710m², com salas de aula, laboratórios, biblioteca, refeitório e áreas administrativas.
Mauro Albuquerque, Secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, ressaltou a importância da educação no processo de ressocialização dos detentos. “A maioria dos internos tem menos de 30 anos. Precisamos aproveitar o tempo que eles passam aqui para oferecer oportunidades de mudança. Essa escola é fundamental para isso”, afirmou. O projeto também foi elogiado pela Secretária de Educação, Eliana Estrela, que reforçou o impacto da formação profissional na reintegração social dos presos.
O desembargador Eduardo Torquato Scorsafava, do Tribunal de Justiça do Ceará, frisou o caráter reeducativo da pena e a relevância da educação e do trabalho na recuperação dos internos. “A sanção penal deve focar na reeducação, e esses elementos são essenciais para o retorno à sociedade”, pontuou.
Desde 2019, a parceria entre a FIEC e o Governo do Estado já qualificou cerca de 30 mil internos e egressos do sistema penitenciário cearense em diversas áreas, como Construção Civil, Metalmecânica, Tecnologia da Informação e Automotivo, demonstrando o compromisso com a ressocialização através da educação e do trabalho.
A cerimônia de inauguração contou com a presença de diversas autoridades do sistema judiciário, defensoria pública e secretarias estaduais, que reforçaram a importância da iniciativa para a promoção da cidadania e reintegração social dos internos do sistema penitenciário do Ceará.
