A comunidade de Santo Amaro, localizada no município de Quixeramobim, será o cenário de um intercâmbio técnico que marca o início da instalação de 191 sistemas de saneamento rural no estado do Ceará, entre os dias 2 e 5 de setembro. A ação é coordenada pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), nove entidades da sociedade civil e representantes das comunidades beneficiadas.
Com aporte financeiro de R$ 3.068.815,81, a iniciativa prevê a construção de sistemas integrados de reúso de águas domésticas (provenientes de chuveiros, pias e lavanderias) e fossas ecológicas (que realizam o tratamento dos resíduos de vasos sanitários). Essas tecnologias sociais têm como objetivo tratar e reutilizar a água, promovendo a preservação ambiental e contribuindo diretamente para a produção de alimentos e a saúde das famílias.
“A ação reafirma o papel do Ceará como referência nacional em políticas públicas de saneamento rural, integrando soluções ecológicas, conhecimento popular e inovação social em benefício direto das famílias agricultoras”, destacou o secretário da SDA, Moisés Braz. Segundo ele, o envolvimento da SDA foi essencial. “Nossos técnicos da Coordenadoria do Abastecimento de Água e Esgotamento (Coagua) trabalharam para que o Governo Federal, através do MDS, enxergasse a importância socioambiental destas tecnologias a fim de que elas se transformassem em política pública”, reconheceu.
O modelo que inspirou o projeto foi desenvolvido pelo Instituto Antônio Conselheiro (IAC), na propriedade do agricultor Chico do Leite, em Senador Pompeu. A unidade experimental foi construída com recursos próprios e serviu de base para a criação da Instrução Normativa nº 36/2024, do MDS, que regulamenta e financia a adoção dessas tecnologias em larga escala. É a primeira vez que uma fossa ecológica é associada a um sistema de reúso de águas cinzas como política pública nacional.
“A tecnologia de reuso é uma inovação que busca qualificar ainda mais as ações do Programa Cisternas e melhorar a qualidade de vida no semiárido. Trata-se de uma solução com múltiplos benefícios, uma vez que viabiliza o tratamento de parte do esgoto da casa, ao mesmo tempo em que amplia o acesso à água para a família produzir alimentos saudáveis”, comenta o coordenador-geral de Acesso à Água no MDS.
Durante os quatro dias do intercâmbio, será construída uma unidade modelo com a participação de técnicos, pedreiros, lideranças locais, representantes do MDS e profissionais da SDA. A expectativa é que a experiência sirva como base para sistematizar o processo de implantação, possibilitando a expansão da tecnologia para outras áreas do Semiárido brasileiro.
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