A partir deste ano, o Ceará implementará uma estratégia inédita para o controle das arboviroses com a instalação da Biofábrica de Wolbachia, uma bactéria que interage com o mosquito Aedes aegypti. Esse método impede a transmissão de doenças como Dengue, Zika e Chikungunya, resultando na criação dos “mosquitos do bem”.
Com um investimento total de R$ 1,5 bilhão, o projeto é uma das ações do Ministério da Saúde para combater as arboviroses no Brasil. A biofábrica será erguida no Distrito de Inovação em Saúde, no Eusébio, e funcionará dentro da Fiocruz Ceará. A ideia começou a ser discutida em 2015.
O impacto da biofábrica será sentido em 1.794 municípios nordestinos, beneficiando aproximadamente 55 milhões de pessoas. A implantação exigirá a contratação de profissionais que trabalharão tanto na produção dos mosquitos quanto na distribuição pelos municípios selecionados.
Segundo Odorico Monteiro, coordenador de Inovação e Empreendedorismo da Fiocruz Ceará, a construção terá início já neste mês de janeiro. O objetivo é colocar a biofábrica em funcionamento até o final do ano.
Resultados Positivos
Em 15 países ao redor do mundo, a tecnologia da Wolbachia já está sendo aplicada. Na Austrália e na Colômbia, por exemplo, a incidência de dengue foi reduzida em mais de 90% após a implementação dessa estratégia.
No Brasil, os primeiros testes foram realizados em Niterói (RJ), onde a Dengue caiu 69%, a Chikungunya teve uma redução de 60% e a Zika diminuiu em 37%. Outras cidades como Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e Belo Horizonte (MG) já estão adotando a tecnologia, enquanto municípios como Foz do Iguaçu (PR), Londrina (PR), Joinville (SC), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP) e Natal (RN) estão em processo de implementação.
Tecnologia Wolbachia
A Wolbachia é uma bactéria que, quando inserida no mosquito Aedes aegypti, impede a transmissão das principais arboviroses. Embora essa bactéria esteja presente em 60% das espécies de insetos da natureza, ela não é encontrada no mosquito transmissor da dengue. A estratégia consiste em criar uma nova população de mosquitos com Wolbachia, que, ao se reproduzirem com mosquitos selvagens, geram descendentes que não transmitem os vírus.
Essa abordagem evita a propagação de Dengue, Zika, Chikungunya e até Febre Amarela urbana. Importante destacar que os mosquitos não são modificados geneticamente e os especialistas garantem que a bactéria Wolbachia não é transmissível para seres humanos ou outros mamíferos, conforme comprovado por experimentos.
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