
O Ceará registrou em agosto a maior proporção de inadimplência de aluguéis do Brasil, alcançando 6,03%, conforme pesquisa da empresa de tecnologia imobiliária Superlógica.
O índice, o mais elevado dos últimos dez meses, coloca o Estado à frente de outras 12 unidades federativas analisadas e revela o peso crescente do custo de moradia nas contas das famílias.
Em Fortaleza, a taxa ficou em 5,93%, também a mais alta entre as capitais brasileiras. O dado reforça um cenário de dificuldade para os locatários manterem os pagamentos em dia, em meio à alta do custo de vida e à estagnação da remuneração.
“Quando a renda da família não acompanha a alta dos custos, o orçamento entra em desequilíbrio e o condomínio se torna uma das primeiras contas comprometidas. Isso impacta diretamente a sustentabilidade financeira dos edifícios”, explica Raphael Fontoura, CEO da MyBlue e advogado especialista em direito condominial.
Nordeste lidera entre as regiões
No recorte regional, o Nordeste também aparece com a maior taxa de inadimplência entre as regiões brasileiras, com 4,94%, superando a média nacional de 3,76%. O resultado indica que o impacto da inflação sobre moradia e serviços básicos segue mais intenso no Nordeste, onde o custo de vida pesa proporcionalmente mais sobre a receita das famílias.
Fontoura destaca que o atraso no aluguel é um sinal de alerta que costuma vir acompanhado de outros compromissos comprometidos.
“O atraso no aluguel ou no condomínio não é apenas um problema momentâneo. Ele pode resultar em ações de cobrança, restrições de crédito e, em casos mais graves, perda de bens. É uma situação que exige atenção e diálogo precoce entre locadores, síndicos e moradores”, observa o especialista.
Moradia no centro do orçamento
A alta da inadimplência reforça o desafio de manter o equilíbrio financeiro em um contexto de aumento da moradia, sobretudo nas grandes cidades. O aluguel representa hoje uma das principais despesas das famílias, e o seu atraso tende a sinalizar pressão sobre o custo de vida e fragilidade no orçamento doméstico.
Para especialistas, o cenário reforça a necessidade de planejamento e educação financeira, além de políticas de incentivo à moradia acessível, especialmente em regiões como o Nordeste, onde a desigualdade de renda é maior.