
De acordo com um estudo elaborado pelo Instituto Trata Brasil (ITB), o país desperdiça diariamente cerca de 5,8 bilhões de metros cúbicos de água. Essa quantidade se refere ao chamado “vazamento”, que é a diferença entre o que sai da origem e o que chega às torneiras das residências. Para se ter noção da dimensão, essa quantidade equivale a 21 milhões de caixas d’água tamanho padrão.
No Estado, a situação também preocupa. Se por um lado no Brasil esse volume desperdiçado representa uma média total de 40,31% de perda, esse índice chega a 42,68% no Ceará. Presidente executiva do ITB, Luana Pretto lista diversas razões que podem apontar para essa perda identificada neste estudo.
“Geralmente, 60% das perdas são perdas físicas, que ocorrem de forma visível e podemos enxergar na superfície do pavimento […] Existem também os vazamentos ocultos, que acontecem embaixo da superfície do pavimento. Os outros 40% vêm de gatos, roubos, fraudes e erros de medição”, explicou.
Impacto do desperdício de água na distribuição
A situação da distribuição do recurso hídrico no Ceará em relação a esse tipo de desperdício é mais amena se o cenário for comparado com outros Estados do Nordeste. Em Alagoas, por exemplo, esse índice de desperdício é o maior do Brasil, chegando a 69,86%. No País, Goiás é o Estado referência com o menor índice: 25,68%.
O Estado do Centro-Oeste, inclusive, é o único que atende aos critérios estabelecidos pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. Segundo a pasta, é inevitável haver a perda do recurso. Porém, para que se alcance o chamado índice de “excelência”, essa perda na distribuição tem de estar em 25% e 216 L/ligação/dia até 2034.
Métodos de prevenção do desperdício hídrico
Essas perdas colaboram para que o volume médio dos rios diminua em diversas regiões. Um dos caminhos para a melhora desse cenário, segundo o estudo do ITB, aponta para detecção de vazamentos ocultos. Sensores de vazão e de pressão, por exemplo, permitem uma rápida identificação do problema.
A pesquisa também identificou que o aumento populacional e o consequente acréscimo do consumo de água interfere nessa questão. A presidente do Instituto sugere, ainda, que cada município possa ter em sua gestão um planejamento que englobe várias vertentes na economia e uso racional dos recursos hídricos, bem como ações que diminuam o vazamento na distribuição.
“É necessário que as cidades sejam subdivididas em distritos de medição e controle para se ter um diagnóstico mais efetivo, de em qual região da cidade essas perdas ocorrem com mais frequência. Desta forma, os resultados serão mais satisfatórios”, destacou.


