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Ceará tem 11% do território em processo de desertificação, aponta estudo

Dados inéditos da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) mostram que grandes áreas do Ceará foram atingidas por queimadas ao longo dos últimos cinco anos. Três desses anos registraram cicatrizes de fogo superiores a 1.000 km², tamanho equivalente a mais de 139 municípios.

O levantamento indica que 2023 foi o período mais crítico, com 1.881 km² devastados, quase seis vezes a extensão de Fortaleza, que possui 312,3 km². A pesquisa, conduzida pelos geógrafos Manuel Rodrigues de Freitas Filho e Níveo Moreira da Rocha, detalha a distribuição territorial das queimadas e seus efeitos sobre o solo e a agricultura.

Ceará tem 11% do território em processo de desertificação, aponta estudo
Fonte: Funceme

Em relação aos municípios mais impactados, os dados apontam:

  • 2022: Icó (55,98 km²), Santa Quitéria (32,65 km²), Jaguaribe (28,52 km²);
  • 2023: Icó (119,68 km²), Acopiara (63,87 km²), Caririaçu (53,85 km²);
  • 2024: Acopiara (47,04 km²), Icó (44,89 km²), Sobral (43,69 km²).

Outros municípios citados em, pelo menos, um desses anos são: Iguatu, Cariré, Orós, Barro, Granja, Jucás, Várzea Alegre, Assaré, Saboeiro, Mombaça, Araripe, Santa Quitéria, Crateús, Missão Velha, Aiuaba e Pedra Branca.

O período de setembro a dezembro concentra a maior parte das ocorrências, coincidindo com a estação seca mais intensa. As regiões Centro-Sul, Cariri e Ibiapaba apresentam maior densidade de cicatrizes.

Ceará tem 11% do território em processo de desertificação, aponta estudo
Foto: Carla Batista/Flickr

A Funceme utilizou imagens de satélite a 600 km de altitude processadas por algoritmo próprio, garantindo precisão na identificação de áreas realmente atingidas pelo fogo. Esse método difere dos levantamentos de focos de calor, que podem incluir calor de edificações ou indústrias. Os resultados devem apoiar iniciativas de prevenção e recuperação ambiental, como o Programa PREVINA, da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), e o Centro Prevfogo, do Ibama.

Causas

Segundo os pesquisadores, cerca de 90% das queimadas são provocadas por atividades humanas, principalmente relacionadas à preparação do solo para o cultivo. “O próprio agricultor, às vezes de forma inocente ou por falta de orientação, não tem ideia de que quando ele queima, o solo perde nutrientes. Pode dar um excelente cultivo na primeira vez, mas nos próximos já vai diminuir, porque ele está acabando com a reserva dos nutrientes”, explica Manuel.

Ceará tem 11% do território em processo de desertificação, aponta estudo
Foto: Reprodução

Historicamente, a combinação de criação de gado e monocultura de algodão contribuiu para a degradação de áreas como Vale do Jaguaribe, Sertão dos Inhamuns e parte da região Norte. Hoje, 11% do território cearense se encontra em processo de desertificação.

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