No Ceará, 110,4 mil crianças de 0 a 3 anos estavam fora da creche em 2024 devido à dificuldade de acesso, o que corresponde a 23% do total nessa faixa etária. Apesar do avanço na taxa de matrícula, que chegou a 41,1%, praticamente igual à média nacional, o estado ainda está aquém da meta de 50% prevista no Plano Nacional de Educação (PNE) para o fim do ano passado.

O levantamento da ONG Todos Pela Educação, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE e no Censo Escolar, aponta que no Brasil quase 23 milhões de crianças de até 3 anos estão fora da creche. Em 2024, 41,2% dessa faixa etária não estavam matriculadas por dificuldades de acesso como ausência de vagas, falta de unidades próximas ou restrições de idade mínima. Em alguns casos, os pais também optam por não matricular, já que a creche não é uma etapa obrigatória da educação infantil.
Apesar da taxa nacional de matrícula ter crescido de 31,8% em 2016 para 41,2% em 2024, o país não atingiu a meta do PNE. O estudo também revela um agravamento da desigualdade socioeconômica. Entre os 20% mais pobres, apenas 30,6% das crianças estão matriculadas contra 60% entre os 20% mais ricos. A diferença que era de 22 pontos percentuais em 2016 chegou a 29,4 pontos em 2024.
A situação é ainda mais crítica entre bebês de até 1 ano: só 18,6% frequentam creche enquanto 24,8% estão fora por barreiras estruturais ou ausência de vagas. As desigualdades também se refletem regionalmente, pois alguns estados já superam a meta do PNE enquanto outros permanecem muito abaixo reforçando o desafio de universalizar o acesso.