Entre os estados mais atingidos pelas interrupções programadas de energia elétrica, o Ceará permanece em destaque. Em outubro, três linhas de transmissão que cruzam o território cearense sofreram cortes de confiabilidade, acumulando 1,07 mil megawatts médios (MWm) de energia interrompida. O fenômeno é conhecido internacionalmente como curtailment.
Conforme dados divulgados pela consultoria Volt Robotics, na última quinta-feira (06/11), o curtailment ocorre quando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) decide substituir a geração de energia de fontes eólicas e solares por outras consideradas mais seguras, como as hidrelétricas. Localizadas entre o Ceará e o Rio Grande do Norte, as linhas de transmissão atingidas transportam energia de fontes renováveis e tiveram parte de sua operação iniciada em abril de 2024.

Para o CEO da Volt Robotics, Donato da Silva Filho, a sobrecarga em determinadas instalações pode ter motivado a decisão do ONS. No total, foram impactadas as seguintes estruturas:
- LT 500 kV Açu 3/Jaguaruana 2: 767.792,52 MWm;
- LT 500 kV Açu 3/Quixadá – Açu 3/Milagre 2 – Açu 3/Jaguaruana 2: 151.189,28 MWm;
- LT 500 kV Jaguaruana 2/Pacatuba: 151.065,00 MWm.
Em relação aos demais estados, apenas o Espírito Santo apresentou impacto superior. Na subestação Rio Novo, foram registrados 1,32 mil MWm de cortes, dentro de um total nacional de 2,83 mil MWm calculados em outubro. As interrupções, segundo Donato, tendem a ocorrer durante o dia, período em que há pico de geração das fontes renováveis e baixo consumo.
Alternativa
Com o objetivo de diminuir os efeitos dessas interrupções, a Medida Provisória (MP) nº 1304 é considerada um novo marco regulatório para o setor elétrico. O texto, que foi aprovado pelo Senado em 30 de outubro e ainda aguardando sanção presidencial, prevê tanto o ressarcimento dos geradores prejudicados quanto a adoção de soluções técnicas capazes de reduzir a ocorrência dos cortes.

“Isso acontece praticamente todos os dias com todas as usinas. Essas dimensões tornam o curtailment insuportável. Esse senso de urgência acabou aparecendo na MP”, comentou Donato.
Entre as medidas apresentadas, se destaca a possibilidade de uso de baterias no Sistema Interligado Nacional (SIN). O equipamento permitiria armazenar energia nos períodos de interrupção e devolvê-la ao sistema de forma constante, evitando sobrecargas e mantendo a estabilidade do fornecimento.
Acompanhe mais notícias da Rede ANC através do Instagram, Spotify ou da Rádio ANC.


